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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O estatuto prosódico da preposição
Autor(es): Fernanda Marcato. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Preposio, Clticos, Prosdia
Resumo

O objetivo desta apresentação é tratar dos processos segmentais que afetam a preposição "com"  identificados no Português falado no interior paulista. A partir da descrição desses processos, focalizam-se os contextos em que há juntura dessa preposição com o elemento seguinte, a fim de verificar evidências do fenômeno de cliticização dessa preposição monossilábica. Interessam, nesta apresentação, ocorrências em que essa preposição pode ser, nos termos de Camara Jr. (1970), forma dependente  de outras sintática e fonologicamente. Do ponto de vista prosódico, destacaremos o funcionamento de "com"  como partículas átonas que não têm estatuto de vocábulo fonológico e a esse se ligam, com o objetivo de buscar pistas de características da interface sintaxe-fonologia. Como córpus de pesquisa, são utilizados 32 inquéritos de fala espontânea selecionados da amostra censo do banco de dados IBORUNA, resultado do projeto Amostra Linguística do Interior Paulista – ALIP (FAPESP 03/08058-6), em função das variáveis extralinguísticas controladas nesse banco de dados, a saber: (i) faixa etária, (ii) grau de escolaridade, e (iii) sexo/gênero. No que concerne à metodologia de pesquisa adotada, é feita uma transcrição fonética de oitiva da preposição "com"; são analisados fatores linguísticos que possam contribuir para aplicação de processos fonético-fonológicos entre "com"  e seu hospedeiro. Dos vários processos segmentais observados na análise oitiva dessa preposição, nesta apresentação, tratar-se-á daqueles processos de juntura que interessam às reflexões sobre a prosodização dessa preposição. Na análise de 1.143 ocorrências de "com", as classificamos em três grupos, a saber: (a) "com + item gramatical acentuado", como “[ke]sse menino” (“com esse menino”); (b) "com + item gramatical não-acentuado", como “[ka] menina” (“com a menina”); (c) "com + item lexical", como “[kõa]mor” (“com amor”). Dos resultados encontrados, destacamos que: (a) quando for "com + item gramatical acentuado", há (em ordem decrescente de porcentagem de aplicação do processo): elisão > ditongação > hiato; (b) quando for "com + item gramatical não acentuado", há ditongação > elisão > hiato; (c) quando for "com + item lexical", há hiato > ditongação e nunca elisão. Conclui-se que a elisão é uma evidência segura de que "com"  funciona como um clítico prosódico quando seguido por um item gramatical (acentuado ou não). A partir desses resultados, serão discutidas questões acerca da configuração de domínios prosódicos no Português Brasileiro. (Apoio: FAPESP – Processo 2011/02239-5)