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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: PARA QUEM AS CRIANÇAS DIRECIONAM SEUS ENUNCIADOS?
Autor(es): taynara alcantara cangussu. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Aquisio da Escrita, Endereamento, Relaes Intergenricas
Resumo

Capristano e Oliveira (2014) propõem refletir sobre a circulação imaginária das crianças por representações sobre os gêneros discursivos a partir de uma análise voltada à projeção que essas crianças fariam do(s) destinatário(s) de seus enunciados. Em análise a um corpus composto por sete enunciados infantis, elas observaram a existência de uma não univocidade e flutuação no endereçamento dos enunciados analisados. Essa observação nos levou a alguns questionamentos: (1) a não univocidade e flutuação do endereçamento seria uma regularidade dos enunciados infantis em geral ou teria sido uma peculiaridade dos enunciados analisados pelas autoras? (2) se sim, quem são esses destinatários para quem a criança endereça seus enunciados? (3) haveria algum privilegiado?  (4) por quê? Em busca de respostas a esses questionamentos e partindo da hipótese de que essa não univocidade e flutuação de destinatários poderia ser interpretada como pistas de relações intergenéricas, propomos este trabalho com o objetivo de refletir sobre a relação sujeito x gêneros discursivos, a partir de uma busca por possíveis regularidades e tendências dos destinatários projetados pelas crianças em seus enunciados. De modo mais específico, objetivamos: (1) verificar se, de fato, as crianças em geral direcionam seus enunciados para mais de um destinatário; (2)   se sim, analisar quais são esses destinatários; (3)  verificar se há regularidades entre esses destinatários e (4) buscar explicações para esses resultados. Para cumprir com esses objetivos, fizemos uma análise quanti-qualitativa de um montante de 100 enunciados, produzidos por 100 crianças da antiga 4ª série do Ensino Fundamental I, em reposta a duas propostas de produção textual que requeriam dois gêneros diferentes: uma propaganda e um texto instrucional. Com essa análise, pudemos observar, nos enunciados referentes à propaganda, que o destinatário prioritariamente projetado pelas crianças seria um cliente potencial, sendo que esse cliente oscilava entre um telespectador de TV e um participante da mesma situação enunciativa da criança. No caso dos enunciados referentes ao texto instrucional, observamos que o destinatário privilegiado pelas crianças seria alguém conhecedor da mesma realidade sócio-geográfica que elas. Embora tenhamos identificado esses destinatários como privilegiados, observamos uma frequente oscilação entre outros destinatários, dos quais se destaca a instituição escolar. Essa análise foi subsidiada por um arcabouço teórico que envolve, principalmente, os trabalhos de Bakthin (2009), Corrêa (2004, 2006) e Capristano e Oliveira (2014).