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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O futuro dêitico expresso por IR + INFINITIVO em dados de aquisição de linguagem
Autor(es): Pamela Cristine de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave verbos auxiliares, aquisio, persistncia semntica
Resumo

 Na análise de dados longitudinais espontâneos de crianças em fase de aquisição do português brasileiro, B. entre 1;8 e 3;6 anos e A. entre 1;9 e 3;8 anos, foi possível analisar as primeiras perifrases verbais, e notar que as produzidas mais precoce e frequentemente são com ir + inifinitivo (B.: 25 vezes no output e 130 no input; A.: 49 vezes no output e 239 no input), querer + infinitivo (B.: 8 vezes no output e 24 no input; A.: 2 no output e 28 no input) e estar + gerúndio (B.: 1 vez no output e 27 no input; A.: 21 vezes no output e 45 no input). As gravações tem um total de 2 horas e 7 minutos no caso de B. e de 2 horas e 13 minutos no de A.. Todas as perífrases ir + infinitivo produzidas pelas crianças são usadas para indicar futuro e, numa análise mais cuidadosa, nota-se que o tempo futuro expresso nessas perífrases é um futuro dêitico imediato e não um futuro narrativo (anafórico), assim como verificado em Lopes (2007) com relação aos objetos nulos dêiticos, encontrados em dados longitudinais nos anos iniciais. Um exemplo prototípico dos dados aqui analisados pode ser (B, 2;11) Eu vô pega. O futuro dêitico presente na perífrase ir + infinitivo contém duas informações semânticas: a) o verbo principal pegar é um achievement (Vendler 1967, apud Wachowicz e Foltran 2006) e mantém o traço de pontualidade; b) o auxiliar ir mantém, por persistência semântica (Hooper 1991, apud Squartini 1998) o traço +durativo no eixo temporal para frente do momento de fala. A gramaticalização (Castilho, 2010) teve um efeito notório nos verbos que se tornaram auxiliares, eles adquiriram uma posição sintaticamente fixa. Entretanto, as línguas românicas têm mostrado diferentes trajetórias de gramaticalização para os verbos auxiliares (Bybee-Pagliuca, 1987 e Bybee-Perkins-Pagliuca, 1994 apud Squartini 1998), pois eles preservam diferentes formas de “semantic retention” do significado lexical, que resiste ao processo de gramaticalização.