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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A Construção de Políticas Linguísticas no Acre Indígena: representações de professores Huni Kui
Autor(es): Terezinha de Jesus Machado Maher. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Polticas Lingusticas, Acre Indgena, Representaes discursivas
Resumo

Um grupo de professores indígenas acreanos de 07 diferentes etnias (Kaxinawa/Huni Kui, Yawanawa, Shãwãdawa, Katukina, Jaminawa, Asheninka e Manchineri), participantes do projeto educativo de uma organização não governamental e laica (Comissão Pró-Índio do Acre), vêm, desde 2006, desenvolvendo investigações individuais com o propósito de   reunir informações relevantes para o estabelecimento de políticas linguísticas locais que possam favorecer o fortalecimento de suas línguas ancestrais. As práticas discursivas em que esses professores focalizam a problemática por eles investigada compõem parte do corpus de uma meta-pesquisa interpretativista (Retratos de um Brasil Plural: línguas, culturas e identidades em práticas discursivas) cujos resultados parciais serão objeto de reflexão nesta comunicação. Esse estudo se insere em uma vertente da Linguística Aplicada cuja meta é criar intelegibilidade sobre problemas sociais em que a linguagem tem um papel central (Moita Lopes, 2006, p. 14) e dar voz a parcelas da população frequentemente silenciadas, com elas assumindo um compromisso político (Maher, 2006; Cavalcanti, 2006). Um de seus objetivos é investigar o modo como a relação língua, cultura e identidade é articulada e representada nos discursos dos professores indígenas em questão. Dois excertos específicos serão aqui discutidos. A partir da análise do primeiro excerto, pretendo chamar a atenção para um possível reenquadramento ideológico no que tange ao valor atribuído pelos professores Kaxinawa/Huni Kui às línguas que compõem seu repertório verbal (o português e o hatxa kui): enquanto a língua nacional foi sempre vista como a língua do domínio público e, a língua indígena, do domínio do privado, as evidências apontam para o fato de que esse quadro parece estar se revertendo. Com o exame do segundo excerto, que reproduz uma interação ocorrida em uma aldeia  Kaxinawa/Huni Kui, pretendo argumentar a favor da necessidade de problematizarmos a visão de “língua” como entidade autônoma e com fronteira fixamente estabelecida em contextos multilíngues. O aparato teórico de apoio para a análise desses dados está assentado nas considerações sobre política linguísticas feitas por Makoni & Meinhof (2008) e por McCarthy (2011); no conceito de ideologia linguística proposto em Schieffelin et al (1998) e no de repertório linguístico tal como revisitado por Busch (2012).