logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: IMPLICAÇÕES DAS REPRESENTAÇÕES SOBRE AS LÍNGUAS DE SINAIS CASEIRAS PARA O ESTABELECIMENTO DE POLÍTICAS LINGUÍSTICAS FAMILIARES
Autor(es): Kate Mamhy Oliveira Kumada. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave lnguas de sinais, bi/multilinguismo, polticas lingusticas familiares
Resumo

Desde 2002, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) vem sendo amplamente difundida e reconhecida pela sociedade como língua oficial das comunidades surdas brasileiras (BRASIL, 2002), porém, ao se eleger uma língua de sinais oficial, o bi/multilinguismo presente no contexto da surdez tem sido, constantemente, invisibilizado (SILVA; KUMADA, 2013). Dentre as diferentes línguas de sinais marginalizadas, o maior estigma está, certamente, nas línguas de sinais caseiras (GESSER, 2006), por serem constituídas no processo de hibridismo do oral e do sinalizado, ou seja, no "entre lugar" (BHABHA, 2007) daquilo que não representa a Libras ou a língua portuguesa. Considerando que as políticas linguísticas também podem ser vislumbradas localmente no cerne de um comunidade e/ou família, especialmente, através dos discursos de seus agentes (MAHER, 2013), a presente comunicação tem por objetivo discutir resultados parciais de uma pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, cujo objetivo foi analisar as representações de familiares de crianças surdas e profissionais e estagiários surdos e ouvintes que participam de um programa de apoio escolar bilíngue sobre as línguas de sinais caseiras. Guiada pelos preceitos de uma ótica sócio-antropológica do surdo e da surdez (SKLIAR, 1998), o arcabouço teórico do estudo aqui relatado se alinha ao campo da Linguística Aplicada de base trans/interdisciplinar (MOITA LOPES, 2008), sob especial preocupação com o reconhecimento de contextos minoritários, minoritarizados e invisibilizados (CAVALCANTI, 2011). A análise das representações dos participantes deste trabalho evidenciaram a necessidade de se investir em mais atenção às políticas linguísticas familiares no campo da surdez, especialmente através de "projetos de conscientização linguísticas" (ALTENHOFEN, 2013, p.112) desenvolvidos por profissionais que atuam nessa área, que terão, assim, condições de orientar familiares de sujeitos surdos. Nesse sentido, acreditamos que a formação de professores e mesmo de outros profissionais como fonoaudiólogos e psicólogos, deve celebrar o trabalho com a diversidade linguística presente nas línguas de sinais, refletindo sobre o papel desses na construção de políticas de línguas minoritárias. Assim, antes que a supressão das línguas de sinais caseiras aumente ainda mais o abismo entre familiares ouvintes e seus filhos surdos, ou que reforce a marginalização do surdo, mesmo dentro das suas próprias comunidades/famílias, conforme propôs Vilhalva (2009), as orientações da Secretaria Municipal de São Paulo (2008) e de Kumada (2012) enfatizam que a escola deve aprender a trabalhar com as diferentes línguas que as crianças surdas trazem de casa, partindo delas para o ensino da Libras e do português.