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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Encontros vocálicos átonos finais na fala de Nova Iguaçu-RJ
Autor(es): David dos Santos Rocha. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave encontros voclicos tonos, ditongo crescente, variao
Resumo

ENCONTROS VOCÁLICOS ÁTONOS FINAIS NA FALA DE NOVA IGUAÇU-RJ

David dos Santos Rocha – IC (sem bolsa)

 

O desfazimento de hiatos ‑ uma das tendências mais marcantes do Português – é um processo observado ao longo de toda a história da língua e, ainda hoje, bastante produtivo. Nesta comunicação, apresentam-se os resultados finais do estudo sobre encontros vocálicos átonos em final de vocábulo, que teve por objetivo determinar os processos que atuam para evitar a emergência do hiato no nível superficial.

O estudo, realizado segundo os pressupostos da Teoria da Variação e Mudança, baseia-se em amostra de perfil sociolinguístico, representativa da fala de Nova Iguaçu-RJ e constituída de 1496 ocorrências dos encontros <ia>/<ea> (como em família/alínea); <io>/ <eo> (como em salário e aéreo); <ie>, (como em série); <ua>/<oa> (como em mútua e amêndoa), <ue> /<oe> (como em tênue/áloe) e   <uo> (como em árduo).

Na análise variacionista, realizada com o auxílio do Programa GOLDVARB-X, levaram-se em conta três variáveis de cunho social (faixa etária, sexo e nível de escolaridade) e controlaram-se a atuação de cada indivíduo e o número de ocorrências do item lexical no inquérito, bem como sete variáveis linguísticas (i) natureza da vogal 1(V1); (ii) natureza da vogal 2 (V2); (iii) modo de articulação da consoante antecedente à V1; (iv) ponto de articulação da consoante antecedente à V1; (v) tipo de segmento subsequente ao encontro (vogal labial, coronal ou dorsal, consoante, pausa); (vi) presença/ausência de morfema de número após a V2; (vii) não ressilabificação/ressilabificação por sând

Demonstra-se que, embora o ditongo crescente seja predominantemente implementado nesse contexto, há restrições estruturais que condicionam o apagamento de uma das vogais, especialmente da primeira delas, sendo esse processo mais usual nos encontros <ia>/<ea> e <io>/<eo>. Com base em amostra constituída apenas com os 916 dados a eles referentes, verifica-se que o cancelamento da primeira vogal é da ordem de 26,5% e é condicionado pela atuação das variáveis ponto de articulação da consoante antecedente e qualidade da segunda vogal do encontro. Conclui-se que a tendência, na fala, ao desfazimento do hiato, com predomínio da ditongação, secundada pelo cancelamento de uma das vogais, sobretudo da primeira vogal, ratificam o princípio do uniformitarismo (LABOV, 1972), que prevê a atuação dos mesmos processos de variação em diferentes estágios da história de uma língua.