Programação do 63º seminário do GEL

O objetivo desta comunicação é analisar os sentidos do termo ‘evolução’ na obra Ensaio de semântica (1897) de Michel Breal. Esta análise se insere no contexto da semântica histórica da enunciação e se propõe a estabelecer o domínio semântico de determinação (DSD) do termo dentro de um enfoque enunciativo por meio das relações que a palavra estabelece no interior do texto dessa obra. Conforme Guimarães (2002; 2007), entendemos que sentidos são produzidos no interior do texto por e no acontecimento da enunciação. Esta análise compreenderá, desse modo, palavras e sintagmas que estabelecem relações semânticas com o termo central de nossos estudos, como, por exemplo, relações de antonímia, sinonímia, hiponímia e hiperonímia. Apesar de nossas análises estarem delimitadas apenas à obra em questão, nossos estudos não se limitarão apenas a esse texto e esse autor, pois é de fundamental importância para esta tese a compreensão do ambiente e do momento em que o termo em estudo foi enunciado. As ideias sobre a ‘evolução’ – defendida por Herbert Spencer – ganharam impulso e status de ciência no fim do século XIX com as publicações em 1859 de Darwin. Diversos linguistas desse período como Schleicher e Max Müller se propuseram a estudar a linguagem como um organismo vivo, que, desse modo, estaria sujeito às mesmas condições de existência dos demais seres vivos. Breal, ao contrário, considerava a linguagem como um fenômeno humano que deveria ser pensado a partir da perspectiva histórica. O que ele deixa claro em sua obra ao rejeitar as teorias ‘naturalistas’. Contudo, ele faz uso da palavra ‘evolução’ relacionada à linguagem em sete ocasiões ao longo da obra analisada. Algumas vezes para descrever fenômenos com os quais concordava e em uma ocasião para refutar a abordagem naturalista da linguagem. A importância de se entender os sentidos do termo ‘evolução’ – quando enunciado relativamente às ideias defendidas por Breal e quando enunciadas relativamente a teorias que discordava – está na possibilidade de se verificar o debate que o autor instaura em seu texto com os linguistas que defendem uma abordagem naturalista dos estudos da linguagem.