Programação do 63º seminário do GEL

Este trabalho visa apresentar os resultados de uma investigação acerca do modo como algumas relações de coerência existentes entre porções textuais são realizadas pelos destinatários do discurso quando a relação é sinalizada por conectores; mais especificamente, se tais sinalizações facilitam o reconhecimento destas relações. Para isso, foram utilizados os referenciais teórico-metodológicos de estudos funcionalistas, sobretudo, da perspectiva teórica da Rhetorical Structure Theory – Teoria da Estrutura Retórica (RST). A pesquisa foi realizada a partir de entrevistas feitas com professores e alunos universitários, as quais consistiam na apresentação de dois questionários, cada um contendo dez excertos, sendo que, no primeiro, os excertos não apresentavam os conectivos, e o segundo, contendo os mesmos excertos, apresentava os conectivos. As porções textuais utilizadas nos questionários foram extraídas de aulas de curso superior que compõem parte do corpus do grupo Funcionalista do Norte/Noroeste do Paraná (FUNCPAR); o que motivou o fato de as entrevistas serem realizadas com informantes de curso superior. Por meio das respostas obtidas, foi possível então averiguar qual a relação reconhecida pelo destinatário do discurso quando não havia sinalização (conector) e se a relação reconhecida permanecia a mesma quando se apresentava o excerto com o conectivo. Os dados obtidos foram tabulados e analisados de acordo com as relações estabelecidas entre porções textuais presentes na RST por meio de uma verificação com base em análises de plausibilidade das respostas apresentadas. O resultado ao qual se chegou demonstrou que a maioria dos entrevistados foi capaz de reconhecer as relações de coerência presentes nas porções textuais mesmo sem a presença dos conectores que sinalizariam as relações. Tal resultado reafirma um dos pressupostos da RST em que se apresenta que as relações de sentido/coerência podem ser reconhecidas pelo destinatário do discurso mesmo sem a presença de conectivos que sinalizem tais relações. Sendo que, a maior parte dos informantes alegou, posteriormente, na segunda etapa da entrevista, que a presença do conectivo facilitou a identificação das relações.