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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Entre poste e verão: estratégias argumentativas para a expressividade de poemas
Autor(es): Ana Elvira Luciano Gebara. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Estilstica, Argumentao, Gneros poticos
Resumo

As estratégias argumentativas são claras em certos domínios discursivos. A expectativa de sua presença torna-as mais fáceis de identificar e de aceitar. Nos poemas, porém, a probabilidade de ocorrência não se volta para a intenção argumentativa – configuração dos textos em que há claramente a argumentação como elemento constitutivo central (AMOSSY, 2006). Nos textos dos gêneros poéticos, espera-se que essas estratégias sejam utilizadas para reforçar a tese do eu lírico, ou seja, possam estar em graus acima do mínimo, mas sem capturar a estrutura e os temas para os torneios da argumentação. Nos poemas, da segunda metade do século XX e das primeiras décadas do século XXI, no entanto, esse eu, chamado por Collot (2004) de sujeito lírico, situado fora de si, muitas vezes, traz para seu texto outra possibilidade: utilizar o espaço dos versos como arena para a sua tese – objetivo do poema. Colocando-se ao lado de gêneros como ensaios e outros de temática filosófica, esses poemas engendram nas estrofes, tal como se faz nos parágrafos dos textos em prosa, a estrutura clássica: proposição, demonstração (provas e dados) e conclusão. Além dos versos, o que identifica o texto como poema é a necessidade do leitor inferir, criando relações em virtude da ausência de alguns desses componentes retóricos. Se, nos textos de intenção argumentativa, essas lacunas podem sugerir falha, nos poemas (como em alguns silogismos), elas trazem perplexidade e, algumas vezes, a adesão ou a simpatia do leitor. Assim, na análise, fundamentada em Levin (1975); Martins (2008); Maingueneau (2010); Authier-Revuz (1990), de “Há aquilo que fica firme (um poste)”, de Alice Sant’anna (2013) e “Sonetilho de verão”, de Paulo Henriques Britto (1997), é possível verificar como se constitui a expressividade pelo uso das estratégias argumentativas, baseadas principalmente nos arranjos sintáticos. Em Sant’anna, há a mimetização da estrutura retórica; enquanto, em Britto, ocorre a manipulação dos períodos simples e compostos para a elaboração da tese do eu lírico. Em ambos os poemas, é a busca do eu por sentido que torna o gênero poético, o lócus da argumentação.