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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Um sentido para o amor: uma análise da digitalização dos afetos
Autor(es): Cristiane Pereira Dias. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave amor, individuao, tecnologia
Resumo

Partindo da compreensão de que o discurso da tecnologia, em seu formato digital, individua o sujeito em seus processos de identificação e formulação dos sentidos, minha proposta de trabalho no âmbito desse simpósio é compreender o sentido do amor a partir da digitalização dos encontros e da simbolização dos afetos pela tecnologia. Para tanto, inscrita no campo teórico da Análise de Discurso, trago como objeto de análise o filme “Her” (2013), de Spike Jonze. O filme se passa num futuro próximo e conta a história de Theodore, um escritor que trabalha na empresa cartasescritasamão.com. Um dia, Theodore adquire um sistema operacional com inteligência artificial, que, assim que inicializado, se nomeia Samantha. Na medida em que vai convivendo com o sistema operacional, o personagem Theodore se apaixona por ele. Assim, mais especificamente, a partir desse filme vou procurar olhar para o sentido do amor que vai se formulando e se desenrolando na relação com a tecnologia, mais especificamente, com o com o sistema operacional. Meu ponto de partida para essa reflexão é a tecnologia em seu sentido amplo, o que implica claramente no distanciamento de uma abordagem que a vê como suporte de/para algo, confundindo suporte com materialidade. Meu empenho é mostrar que a tecnologia é constitutiva da própria forma de ser e estar no mundo dos sujeitos contemporâneos, ou seja, dos modos de existência do sujeito e de produção dos afetos. Essa compreensão da tecnologia como condição de produção e não como suporte também procura se afastar de uma tendência à aplicabilidade da tecnologia, sobretudo, no que se refere às chamadas “novas tecnologias” ou, como prefiro chamar, as tecnologias digitais. As tecnologias digitais não seriam, desse modo, um suporte através do qual os sujeitos se relacionam, elas são constitutivas do próprio sentido de relação. Nessa perspectiva, é preciso compreender que o modo de individuação do sujeito capitalista, pelo discurso da tecnologia, na sociedade contemporânea, produz efeitos nos processos de identificação, na produção de sentidos. Efeitos esses dentre os quais um deles é o da completude, comumente produzido pelo discurso da tecnologia como aquela que não falha. É desse modo que o sistema operacional é apresentado e se apresenta para o sujeito no filme “Her”, marcando sempre a diferença entre o artificial e o não-artificial, entre o humano e o não-humano, entre a finitude e a permanência, entre o possível e impossível.