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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Práticas de letramento e políticas linguísticas em cenário de fronteira
Autor(es): Maria Elena Pires Santos, Neiva Maria Jung. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Poltica lingustica, Fronteira, Letramento
Resumo

Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre o que constitui a cultura escrita do cenário transfronteiriço Brasil, Paraguai, Argentina e as articulações dessa cultura com o letramento escolar. Além do multilinguismo próprio desse cenário fronteiriço, dado pela presença do português, espanhol e guarani, há outras línguas dos vários grupos imigrantes, como árabes e coreanos na cidade de Foz Iguaçu. No entanto, permanece, por um lado, uma noção idealística de sermos um país monolíngue em português (BAGNO, 2013), e, por outro, os exames nacionais que apontam para índices educacionais bastante baixos dos nossos alunos, na Educação Básica. Pretende-se, então, apreender as práticas letradas nesse cenário emergente e marginalizado, focado pelas políticas públicas brasileiras. Partindo dos pressupostos teóricos dos Novos Estudos sobre Letramento (STREET, 2003, 2010; HEATH, 1983; BARTON; HAMILTON, 2000; KLEIMAN, 1995) e compreendendo o multilinguismo como prática social (HELLER, 2007, 2011; GARDNER; MARTIN-JONES, 2012) em contexto de superdiversidade (VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT; RAMPTON, 2011; MOITA LOPES, 2013), perguntamos: Quais identidades são impostas no contexto escolar? Como a cultura escrita fronteiriça é construída pelas pessoas nas mobilidades do dia a dia e qual a relação (ou não) desse letramento com o letramento escolar? De acordo com Street (2014), precisamos não só de modelos culturais de letramento, mas de modelos ideológicos, uma vez que todos os usos e significados de letramento envolvem lutas em prol de identidades particulares contra identidades frequentemente impostas. Em termos de resultados, os dados mostram que há uma cultura escrita multilíngue nessa fronteira marcada por outras fronteiras simbólicas culturais, econômicas, religiosas e sociais que constituem também o letramento escolar. Em termos de aprendizagem, a superdiversidade aparece nos textos dos alunos, por meio dos estilos de seus textos reconhecidos nas escolhas das pessoas do discurso, na escolha do gênero discursivo e em suas negociações em eventos situados, dos quais os alunos participam. Como protagonistas do seu saber, articulam e dialogam com diferentes discursos, evidenciando fronteiras diversas, como as fronteiras entre grupos sociais. Quando a pauta da diversidade é dada pelos alunos, como em seus textos, este nem sempre é um saber não legitimado pela escola. Em termos de ensino, a diversidade é trabalhada por meio de projetos multidisciplinares, nos quais alunos de duas turmas de 1.° ano do Ensino Médio se engajaram e participaram efetivamente. Todavia, quando abordados conteúdos do currículo oficial da escola, os mesmos alunos participam menos e os seus resultados nas avaliações muitas vezes não são satisfatórios.