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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A modalidade deôntica universal em Karitiana
Autor(es): Luiz Fernando Ferreira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Modalidade, Deonticidade, Karitiana
Resumo

Este trabalho teve como objetivo observar como modalidade deôntica universal é expressa em Karitiana. O trabalho foi desenvolvido tendo a semântica formal como quadro teórico, principalmente através das descrições de Portner (2011) e Fintel (2006). Dentro dessa linha, modalidade é vista como uma operação sobre mundos possíveis. A modalidade deôntica está relacionada a regras e normas. A operação pode ser universal (contabilizar todos os mundos possíveis) como em (1) João tem que parar no sinal vermelho onde ter que é um quantificador que expressa que em todos os mundos possíveis João para no sinal vermelho. A operação pode ser também existencial (contabilizar apenas alguns mundos) como em (2) João pode passar no sinal amarelo onde pode funciona como um operador indicando que em alguns mundos acessíveis João ultrapassa o sinal amarelo, mas não necessariamente todos. Como pode ser observado, a operação universal é feita quando se trata de uma regra como em (1) e a operação existencial quando se trata de uma permissão como em (2). Nesse trabalho foi realizada a análise apenas da modalidade deôntica universal. Foram utilizadas três  metodologias na coleta de dados, primeiramente trabalhou-se com a elicitação de dado e investigação de lendas preexistentes e posteriormente com experimentação. Esse trabalho analisou o morfema modal pyn- e o item lexical pydn. O morfema é descrito por Storto (2002) como utilizado pelos falantes para exprimir modalidade deôntica na sentença, por exemplo, (3) pyn-pyt’y-t (deo-comer-nfut) ‘ele deve comer’. Durante a coleta de dados não foram encontrados usos desse morfema, assim, sua analise foi feita através de lendas existentes na língua. Esse trabalho investigou uma narrativa coletada por Storto registrando todas as ocorrências do morfema pyn- e delimitando os contextos dessas ocorrências. Percebeu-se que todos os contextos tratam de um dever/obrigação, assim, pode-se assumir que esse morfema funciona como um operador universal na língua. Durante a elicitação de dados realizada nesse trabalho apareceu um novo item lexical na língua de uso deôntico como pode ser observado em (4) taso Ø-na-oky-t pydn boroja (homem 3P-DEC-matar-NF DEO cobra) ‘O homem tem que matar a cobra’. Após a coleta que constatou o uso de pyn, realizaram-se experimentos que apontam que esse item lexical também só pode ser utilizado em contextos de regras. Desse modo, nossa análise é que tanto pyn- quanto pydn são quantificadores sobre mundos possíveis e realizam uma quantificação universal na língua karitiana assim como ter que faz em português.