63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Reflexões sobre a descrição e a abordagem metodológica de preposições: o caso de COM no português brasileiro |
Autor(es): | Thatiana Ribeiro Vilela. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Preposio COM, Funcionamento enunciativo, Semntica lexical |
Resumo |
No presente trabalho, refletiremos sobre a descrição e a abordagem metodológica que cercam o estudo da classe das preposições tomando como exemplo o caso de COM no português brasileiro. Ao tratar do tema, obras reconhecidas como LIMA (1974) e CUNHA & CINTRA (2008), apreendem a preposição como um relator cuja principal função é a de ser um “elo de ligação” entre o termo que a antecede (antecedente) e que a segue (consequente). Essa caracterização, embora correta, é insuficiente para compreender, de um lado, qual o papel da preposição na construção do sentido dos enunciados a cada vez que é mobilizada, de outro, considerando-se que o termo consequente é o que segue a preposição e, portanto, facilmente identificado, qual é o antecedente e de que forma, antecedente e consequente, interagem no enunciado a partir da relação evocada pela preposição. Ainda nesse quadro, gramáticas inscritas em outros referenciais teóricos como NEVES (2004) pontuam que, ao atuar dentro do sistema de transitividade, i.e. na mediação entre o verbo e seu(s) argumento(s), a preposição seria destituída de sentido e, ao contrário, ao atuar fora do sistema de transitividade, estabeleceria relações semânticas. Essa divisão de natureza sintática parece-nos contraditória quando, diante de duas situações de emprego em que uma mesma preposição pode ser utilizada, ora lhe atribuímos ou não sentido (cf. Maria brinca COM uma bola mágica, em que COM atua fora do sistema de transitividade e confere sentido à construção do enunciado, e A empresa de Maria concorre COM outra empresa de grande porte, em que COM atua no sistema de transitividade e é dessemantizada). Como fundamento para as discussões ora propostas, apoiamo-nos na Teoria das Operações Enunciativas (DE VOGÜÉ, FRANCKEL, PAILLARD, 2011) e nos estudos acerca da semântica preposicional trazidos pela obra Grammaire des prépositions (FRANCKEL, PAILLARD, 2007), referencial que refuta, na caracterização da preposição, a existência de conteúdos previamente estabelecidos fora dos enunciados ou que lhe são inerentes em razão da hipótese de uma identidade semântica de base relacional, específica a cada preposição e que responde à variação de sentido observada a cada vez que dada preposição é empregada. Assim, para compreender o funcionamento de uma preposição, bem como o papel enunciativo que lhe é específico, sustentamos ser necessário examinar como o consequente interage com um termo antecedente não facilmente identificado ou presente no enunciado, fato a ser mostrado por meio de exemplos que evidenciem a natureza da problemática discutida. |