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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Como estereótipos circulam no Facebook: “quando dizem o que sou”
Autor(es): Lafayette Batista Melo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave esteretipo, aforizao, redes sociais
Resumo

Há uma grande circulação no Facebook de estruturas linguísticas que fazem referência a profissões ou grupos de pessoas que têm determinadas práticas e valores (como professores, linguistas, programadores, vegetarianos e ateus). Tais estruturas explicitam concepções cristalizadas ou crenças compartilhadas socialmente em um grupo a respeito de indivíduos e outros grupos, ou seja, indicam como certos estereótipos são representados na rede. São utilizados formatos com: 1) o trecho inicial de uma frase como “quando digo que sou X” ou “quando digo que faço X”– onde X corresponde a uma profissão, prática ou valor; 2) textos do tipo “como Y me vê” ou “o que Y acha que eu faço” – onde Y corresponde a um outro grupo e 3) uma imagem que complementa o item 2 com uma visão estereotipada. Por exemplo, o trecho “quando digo que sou professor” é acompanhado dos textos “como meus pais me veem” e “como eu me vejo” com as respectivas figuras de uma professora de óculos sorridente e de um super-herói. Este trabalho coletou materiais, através de diferentes estratégias de busca com o Google, no intuito de analisar a circulação de vários estereótipos. Foi observado que declarações estereotipadas usam do exagero para expressar a visão de um grupo em tom irônico – por exemplo, para o caso de X ser “professor” e Y ser “o governo”, há a figura de um escravo. Isso faz com que se deduza que há produção de alguns simulacros na visão de X sobre Y. Como o conjunto das expressões e suas imagens iniciam em títulos postados sem necessidade de serem precedidos ou seguidos de outras frases para manterem coesão e muito menos estão ligados a um gênero discursivo, estuda-se a possibilidade de os enunciados serem tratados como aforizações. Nesse caso, o enquadre interpretativo é sempre de natureza testemunhal. Conclui-se que os estereótipos relacionados às profissões circulam com mais intensidade do que relacionados a práticas ou valores e que qualquer um está sujeito a receber as mensagens de diferentes grupos – quem tem acesso às postagens pode ajudar até na veiculação de discursos dos quais não participa, com uma simples curtida. Nota-se ainda que a convicção diante do mundo em frases que se fazem ricas de sentido para qualquer público (típicas de uma enunciação aforizante), mas que também expressa fortes pressupostos de um grupo, corrobora a circulação feita por meio da interface.