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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A aplicação de processos fonológicos opcionais na comunidade dialetal e na fala materna dirigida à criança
Autor(es): Andressa Toni. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Aquisio de L1, Processos fonolgicos opcionais no PB, Fala dirigida criana
Resumo

A fala dirigida à criança é reconhecida por apresentar propriedades distintas da fala entre adultos, especialmente no nível prosódico – melodia entoacional exagerada, frequências fundamentais mais altas, ritmo mais lento, alongamento vocálico e silábico (Grieser & Kuhl, 1988; Fernald, 1985; Mehler & Dupoux, 1995); é, também, o input preferido por crianças, quando lhes é facultada a escolha entre o motherese e a fala comum (Pegg et al., 1992; Cooper, 1990; Werker & McLeod, 1989; Fernald, 1985; Cunningham, 1983). Tais características, que criam diferenças fonológicas entre a fala “para adultos” e “para crianças” – e são observáveis translinguisticamente, segundo Grieser & Kuhl (1988) –, podem suscitar questões às propostas que sustentam as tendências estatísticas do input como guias para a aquisição da língua materna (Vigario, Frota & Martins, 2010; Prieto, 2006; Kehoe, 1999): a natureza fonológica deste input-guia, base para os cômputos probabilísticos, interferiria no percurso de aquisição da linguagem? A presente pesquisa visa observar se essa distinção entre a fala dirigida a crianças (doravante FDC) e a adultos também se aplicaria a aspectos prosódicos como processos fonológicos suprassegmentais, analisando, especificamente, dois processos opcionais do Português Brasileiro: a haplologia silábica (segundo Leal, 2006) e os fenômenos de sândi externo (Santos, 2007), ambos capazes de modificar o padrão rítmico da fala por promover a queda de sílabas não-acentuadas. O estudo observa como a produção desses processos na fala infantil se diferenciaria do input materno e como este, por sua vez, se diferenciaria de sua comunidade lingüística. Foram analisadas interações naturalísticas mãe/criança e mãe/adultos e amostras dialetais femininas da mesma comunidade linguística que as mães do corpus infantil (Mendes, 2013). A haplologia foi aplicada significativamente mais na amostra sociolinguística e na fala infantil que na FDC. Quando não dirigida à criança, no entanto, a fala das mães apresentou quedas silábicas análogas às da fala paulistana. Os processos de ditongação e elisão, em seu turno, têm maior produção na fala dirigida: respectivamente, 74% e 70% na FDC e 65% e 43% na amostra adulta (Nogueira, 2007), contra 66% e 70% na fala infantil (Santos, 2007). Em contextos tanto de elisão quanto ditongação, as produções infantil e paulistana dão preferência à elisão (81% e 82,6%), enquanto na FDC ambas são igualmente aplicadas (46%). Apesar da preferência pela FDC como input, a produção infantil analisada assemelhava-se à da comunidade linguística, não apontando a FDC como o input-guia da aquisição dos processos de haplologia, elisão e ditongação.