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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Contribuições semânticas dos auxiliares 'andar' e 'ficar' em português brasileiro
Autor(es): Roberlei Alves Bertucci. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Verbos auxiliares, aspecto verbal, durao
Resumo

O presente trabalho tem como objetivo principal oferecer uma descrição dos contextos em que os verbos 'andar' e 'ficar' aparecem como auxiliares ou cópula em português brasileiro.Num primeiro momento, queremos verificar se sentenças com tais verbos carregam ou não um sentido obrigatório de duração ou iteração do evento. Para isso, vamos analisar a contribuição de pesquisas realizadas sobre o português brasileiro, como Castilho (1967), Travaglia (2006) e Cavalli (2008), além de Laca (2002; 2004; 2006). Em seguida, nossa análise será em torno da relação desses verbos com a expressão do aspecto imperfectivo. Com base em diferentes sentenças da língua, mostraremos que a inclusão deles no rol daqueles que expressam noções tradicionais de auxiliaridade, como tempo, aspecto, modo e voz, parece não se configurar como verdadeiro. Depois disso, nossa proposta é verificar tanto a co-ocorrência desses verbos com diferentes classes aspectuais, seguindo o trabalho de Vendler (1957), quanto investigar  a relação dos verbos em questão com as noções de tempo e aspecto, seguindo o trabalho  de  Klein (1994) sobre o assunto. Finalmente, vamos  defender que esses verbos têm uma contribuição específica: no caso de ‘andar’, o sentido atribuído à sentença é o de que o momento de referência precisa ser um período maior que um instante, mas que isso não implica na duração do evento em si. Por isso, sentenças como ‘A raposa antou matando uma galinha’ não se referem a eventos repetidos de a raposa matar (uma) galinha, mas a um evento desses ocorrido num intervalo de tempo maior que um instante. Já no caso de ‘ficar’, o sentido atribuído à sentença é o de que o momento de evento está restrito a um momento de referência específica, como se o auxiliar contribuísse para uma certa perfectivização da situação. Por isso, sentenças como ‘A raposa ficou matando galinha’ se refere a eventos de a raposa matar galinha que ocorrem num intervalo de tempo definido. Tais conclusões parecem valer mesmo em contextos em que os verbos em questão estão em tempos diversos, como mostraremos no trabalho.