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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Vogais médias em dialetos nordestinos: as postônicas não-finais em São Luís
Autor(es): Arthur Pereira Santana. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Vogais mdias, neutralizao, postnicas no-finais
Resumo

As vogais médias são, sem dúvida, um dos tópicos de maior discussão a respeito do vocalismo do Português. Parte desta discussão se dá por conta do comportamento particular das vogais médias em dialetos nordestinos, especificamente, o fato de médias-abertas emergirem em posições átonas. Outro tópico de grande discussão diz respeito às postônicas não-finais, subsistema vocálico específico das palavras proparoxítonas, tendo em vista que a configuração do subsistema não é um consenso entre os autores (cf. Câmara Jr, 1970; Bisol, 2003). A fim de fornecer subsídio para as discussões a este respeito, este trabalho tem por objeto as vogais médias postônicas não-finais no dialeto de São Luís. Por meio da Geometria de traços, analisou-se um corpus de 2360 palavras, resultado de um experimento realizado com vinte indivíduos nascidos e criados  na capital maranhense a fim de investigar (i) a motivação fonológica para a emergência de derivadas altas na posição (i.e., o alçamento das vogais médias) e, também, (ii) a emergência de derivadas média-baixas, que são comumente debatidas quando na pretônica, mas pouco analisadas na postônica não-final. Os testes estatísticos realizados corroboram a hipótese de que a neutralização das postônicas não-finais é assimilatório, tendo em vista que a forma adotada pela vogal na referida posição está associada à vogal átona final. A formalização das regras, entretanto, é específica: defende-se que enquanto os casos de alçamento são de assimilação de nó vocálico, tendo em vista que a associação se dá tanto com o traço de abertura, quanto com o ponto de articulação da átona final; os casos de emergência das médias-baixas são resultado de uma assimilação de traço de altura, por ser motivada pela presença de uma vogal baixa na átona-final. Tais regras, por sua vez, só são possíveis adotando a proposta de Wetzels (2011) de que a neutralização é um mecanismo de mudança de traço no qual o valor de um traço que garantia a distinção em determinado contexto assume seu valor contrário quando neutralizado, e não de dissociação ou apagamento de traço, como postulado pela hipótese clássica (Clements & Hume, 1995).