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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Referenciação e espaços mentais interligados: como a igreja inventou a publicidade
Autor(es): Eliana da Silva Tavares. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave referncia, significao, espaos mentais
Resumo

A presente proposta de trabalho objetiva (i) investigar a questão da referência, a partir de uma abordagem semântica sociocognitiva, com base nas considerações de Fauconnier (1984) & Fauconnier & Turner (2002), com suas noções de espaços mentais e de mesclagem; (ii) relacionar os conceitos apresentados pelos autores à noção de categorização, um dos elementos centrais utilizados nos processos de constituição da referência. Para dar conta de tais objetivos, o texto A Palestra dos Bispos (PERISCINOTO: 1995) é utilizado como corpus, justamente por ser bastante expressivo quanto à mesclagem de diferentes espaços mentais. É, portanto, na medida em que a referência da língua é a própria língua, e não um mundo exterior e concreto, que a relação linguagem e mundo, que está na base da referência, enquanto questão linguística, é retomada pelo presente trabalho. Fauconnier (1984: xxii) postula, como explicação para o problema de como o mundo é percebido, entendido, comunicado e expresso, a existência de domínios cognitivos interligados, construídos a partir de expressões linguísticas que funcionam como instruções parciais e relativamente determinadas. Esses domínios cognitivos interligados funcionariam a partir de espaços mentais (imputs) determinados, e deles, carregariam características: como organizar a percepção, a partir do estabelecimento de uma ancoragem. Um espaço mental encerra, em si, um certo domínio de percepção, em função do qual é possível estabelecer uma série de projeções de significação: constituindo uma categoria. Se considerada a relação entre diferentes espaços mentais, é possível chegar ao que Fauconnier & Turner (2002) denominam mesclas ou integralização conceptual. Assim, considerado o modelo espaço genérico, imput1, imput2 e espaço da mescla, proposto pelos autores, chega-se à seguinte configuração de representação da mesclagem conceitual, que funda e sustenta o texto de Periscinoto: Espaço Genérico, imput1 (Espaço da realidade do lucutor: Nós/ Publicitários - Frame do aparato do marketing), imput2 (Espaço da realidade do interlocutor: Vocês/ A Igreja - Frame do aparato da Igreja) e Espaço da Mescla (Como a Igreja inventou a publicidade). O vetor de persuasão estabelecido pelo publicitário faz com que seu argumento tenha como eixo a analogia entre ‘a mística religiosa’ e o marketing, que estão, no texto, funcionando como parâmetro para a constituição do “referente”, do objeto de discurso; o que lhe permite apresentar o sino (da igreja) como primeiro veículo de comunicação de massa, a torre como o primeiro display, e a cruz como primeiro logotipo: todos, elementos instaurados pela mescla resultante de ‘publicidade’ e  ‘Igreja'.