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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Educação linguística e formação de professores indígenas na universidade: o Pibid Diversidade em foco
Autor(es): Maria Gorete Neto. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Pibid Diversidade, Educao Lingustica , Formao de professores indgenas
Resumo

Este artigo apresenta uma reflexão em andamento sobre a formação do docente indígena para o ensino de línguas, no âmbito das atividades desenvolvidas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência para a Diversidade (doravante Pibid Diversidade), em um curso de licenciatura indígena em Minas Gerais. Há que se considerar o cenário sociolinguístico complexo encontrado neste curso que abarca povos que têm o português como primeira língua (Pankararu (PE), Pataxó (MG e BA) e Xacriabá (MG)) e povos bilíngues em língua indígena e língua portuguesa (Guarani (RJ, ES, RS) e Maxakali (MG)). Os primeiros têm buscado, por iniciativa própria, projetos de revitalização de suas línguas ancestrais (línguas Pankararu, Patxohã e Akwen), enquanto que os segundos buscam ao mesmo tempo promover suas línguas indígenas e aprimorar o português. Somam-se a essas línguas, as distintas variedades indígenas do português: português-xacriabá, português-pataxó, português-pankararu, português-guarani e português-maxakali. Ao adentrar a universidade, esses educadores indígenas passam ainda a ter um contato mais intenso com o português-acadêmico através da leitura e produção de textos acadêmico-científicos. Considerando esta realidade, o curso pretende formar o cidadão indígena com amplo conhecimento do português-padrão, encontrado e exigido nos textos acadêmicos, no intuito de que o mesmo possa se expressar nesta variedade em gêneros orais e escritos. Isso não desconsidera nem impede o trabalho com as distintas variedades de português-indígena faladas pelos alunos e pelos demais membros de suas comunidades, importantes para a construção e veiculação das identidades, culturas, saberes e conhecimentos indígenas. O cenário exposto aponta para a necessidade de se discutir sobre as línguas indígenas bem como sobre as distintas variedades do português-indígena, aqui compreendidas também como línguas indígenas, na interface com o português da universidade. Tal discussão não está dissociada de uma reflexão ampla sobre a escolarização para esses povos, uma vez que o trabalho realizado pela escola impacta as línguas indígenas. Nesse sentido, o Pibid Diversidade vem proporcionando, por um lado, uma ampliação do conhecimento das línguas faladas nas aldeias na interface com o processo de escolarização nesses contextos. Por outro lado, conceitos de língua e seus derivados têm sido problematizados e ressignificados com o intuito de se pensar em práticas pedagógicas mais relevantes ao ensino de línguas nas aldeias. Espera-se que, partindo de uma visão ampla de educação linguística, esse artigo possa contribuir na compreensão do papel do Pibid Diversidade na formação de professores indígenas e na projeção de novas atividades para esse programa.