logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O CORAÇÃO ENTRE O SORRISO E A SOLIDÃO: UMA ANÁLISE DO MOVIMENTO PASSIONAL NO ESQUETE CÔMICO
Autor(es): LUANA FERRAZ. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave paixes, comdia, esquete
Resumo

As paixões estão relacionadas à expressão de nossos desejos e valores, bem como ao ajustamento ao outro, à reação à imagem que ele tem de nós. Pensando nesse sentido, é possível considerar que o teatro funciona como um laboratório. Reconhecemos, em cena, os sinais físicos das paixões cotidianas, somos afetados e, se tudo coopera para o bem do espetáculo, nos comprometemos com o mundo imaginário do palco, reagindo a ele com nossa parcela de dor ou prazer. Curiosamente, no entanto, a relação entre o palco e as emoções, fartamente discutida na tragédia, ainda permanece pouco clara em relação à comédia. Partindo dessa observação, pretendemos, neste trabalho, investigar a ressonância afetiva estabelecida entre a personagem protagonista de uma cena cômica e a plateia do espetáculo teatral. Para tanto, propomos a análise do esquete “Maricson”, um dos nove quadros que compõem a peça Cócegas (2004), escrita e interpretada por Heloísa Périssé e Ingrid Guimarães. O esquete em questão foi selecionado a partir do DVD Cócegas, produzido pela EMI Music Brasil, o qual constitui um registro dos espetáculos gravados no Tom Brasil Nações Unidas, em São Paulo, nos dias 10 e 11 de abril de 2004. Após a seleção, procedemos à análise dos componentes verbais e não verbais do quadro, destacando excertos que relevam o movimento passional no esquete, tendo em conta o imbricamento que naturalmente se dá entre o pathos e as demais provas retóricas, a saber, o ethos e o logos. Foram utilizadas como respaldo teórico para este estudo as obras de Aristóteles (2000, 2007), Meyer (2000), Bergson (1983), Freud (1952), Mendes (2008) e Mezan (2009), entre outras. A partir de nossas análises, concluímos que a organização particular do logos (seleção lexical específica, uso de figuras e de construções argumentativas) e a utilização de diferentes recursos performáticos (prosódicos e cinésicos) no esquete operam na constituição de uma imagem cômica da oradora, capaz de mobilizar, no auditório, paixões que vão muito além da óbvia alegria.