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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Predicados complexos em Ye’pa Mahsã (Tukano): uma discussão a partir da Tipologia Linguística
Autor(es): Frantome Bezerra Pacheco. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Tukano, predicados complexos, verbos seriais
Resumo

A língua Ye’pa Mahsã, família Tukano Oriental, é falada por mais de 6.240 pessoas no lado brasileiro (DSEI/FOIRN, 2005). É uma língua indígena, empregada na interação interétnica por comunidades ou aldeias ao longo do rio Uaupés e seus afluentes (Tiquié, Papuri, Querari e outros menores). Note-se que o Tukano, ao lado do Baniwa e do Nheengatu (Yengatu), é uma das línguas   cooficializadas pela Lei n.º 145, aprovada pela Câmara Municipal de São Gabriel da Cachoeira em 11/12/2002 (ALMEIDA, 2007). Nosso objetivo é discutir, a partir da perspectiva da Tipologia Linguística, o estatuto morfossintático dos predicados verbais complexos, descritos por Ramirez (1997) como sequências de lexemas verbais que se encontram no predicado numa relação complemento-completado ou numa sequência de verbos (in)dependentes-dependentes (podendo haver mais de um verbo dependente na sequência). O autor afirma que dependentes são os lexemas verbais que se comportam como sufixos verbais, não tendo tom subjacente próprio e por receberem os sufixos verbais empregados no escopo do predicado. Além disso, muitos verbos dependentes desempenham funções gramaticais relacionadas à modalidade, ao tempo e ao aspecto, equivalentes às funções desempenhadas pelos advérbios em português (RAMIREZ, 1997, p. 182), além da marcação das construções passivas (RAMIREZ, 1997, p. 186). Nossa proposta é discutir um conjunto de questões acerca do estatuto morfossintático desses complexos verbais: 1) seriam verbos compostos já lexicalizados ou gramaticalizados, pelo menos um subgrupo deles?; 2) seriam verbos seriais, constituindo construções predicativas monoclausais, referindo-se a um evento único (cf. AIKHENVALD, 2006), contrastando com outras construções multiverbais, que envolvem a coordenação e a subordinação (construções completivas), nos termos propostos por Stenzel (2007)? A partir daí, tomando como base a proposta realizada por Shibatani (2009), discutiremos os seguintes aspectos relacionados ao fenômeno: i) quais propriedades morfossintáticas podem ser consideradas no entendimento desses complexos verbais; ii) em que medida os verbos seriais se diferenciam das construções completivas; iii) qual o grau de integração dos lexemas, de modo a determinar o grau de colexicalização ou gramaticalização dos verbos descritos como dependentes dentro dos predicados com mais de um lexema verbal; iv) como explicar as variadas funções gramaticais desempenhadas pelo verbo dependente nas orações com predicados desse tipo; v) verificar se há hipóteses diacrônicas viáveis para explicar o grau de integração verbal desses elementos lexicalmente e semanticamente distintos, nos termos da proposta de Lehmann (1988).