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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Considerações sobre a noção de “mutismo” enquanto categoria clínica
Autor(es): Joo Pedro de Souza Gati. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Mutismo, Categoria clnica, Neurolinguistica
Resumo

Introdução: Na literatura da área médica, o “mutismo” é considerado como uma categoria clínica, com origens e mecanismos os mais variados, e geralmente definido como a “ausência de linguagem oral” observada num indivíduo (Ballone, 2001). Esse fenômeno é comumente associado à esquizofrenia (Grover, 2012) e às afasias motoras e globais (Ozeren et Al 2006), além de também ser observado em estados de confusão mental, de melancolia e de catatonia (Fink e Taylor, 203). É também comumente observado nas demências generalizadas, principalmente na demência frontotemporal (Snowden et Al, 2005). Dentre outras definições, destaca-se a sua subcategorização em “mutismo eletivo” ou “seletivo”, definida no CID 10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), de 1992 e pelo  DSM-IV (Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais), de 1994, como uma desordem de natureza psicológica. É observada principalmente em crianças que, embora capazes de falar e compreender a  linguagem, não o fazem em certas situações sociais. Outro subtipo consiste no chamado mutismo acinético, descrito inicialmente por Cairns et Al (1941), cujo quadro clínico caracteriza-se pela ausência de qualquer tentativa de comunicação e interação e ausência de resposta a qualquer estimulação sensorial. A partir dessas breves considerações, é possível constatar que o termo “mutismo” é concebido ora como um transtorno mental, ora como um efeito de ações orgânicas e de graves lesões cerebrais. Objetivos: Este trabalho, derivado da parte inicial de uma pesquisa realizada em nível de mestrado, visa (i) apresentar uma revisão crítica das concepções médicas da noção de mutismo, considerando-se, para isso, teorias linguísticas e (ii) refletir sobre a relação entre o normal e o patológico no que concerne a esse sintoma. Aspectos metodológicos: A metodologia de pesquisa consistiu em se proceder a uma revisão bibliográfica de artigos da área médica e neuropsicológica sobre o tema, analisados criticamente com base nos trabalhos de Canguilhem (2006) e nos estudos em neurolinguística, sobretudo os de Coudry (1986/88) e Novaes-Pinto (1999). Discussão: Consideramos que os estudos neurolinguísticos desenvolvidos na abordagem histórico-cultural possam contribuir para se repensar a definição de mutismo como “ausência de linguagem”, uma vez que ao compreender a fala do outro e ao falar em determinadas situações sociais, o indivíduo evidencia que a linguagem (mesmo a oral) está presente e desempenha seus múltiplos papeis.