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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: A RELAÇÃO ENTRE CONCEPÇÃO DE LÍNGUA E CONSTRUÇÃO DOS SENTIDOS
Autor(es): Maria Eunice Barbosa Vidal . In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Conciso, Complexidade, Ensino
Resumo

Este trabalho – parte de nossa pesquisa de doutorado – objetiva examinar em que medida e por que universitários se servem mais de algumas estratégias linguísticas do que de outras na reescrita de textos. Também se sugere, a partir das reflexões sobre essas reescritas, uma alternativa de ensino de língua sob a perspectiva da complexidade. Estudos recentes como o de Neil Johnson (2010), entre outros, vêm trazendo a teoria da complexidade para o campo da linguagem. Nesse paradigma inovador, buscamos uma definição operatória para “atratores” que, segundo Fleischer (2009), são estados, dentro de um sistema, que ocorrem repetidamente ou se aproximam com frequência. Em português, um padrão de comportamento para o qual o sistema linguístico tende a se mover é o da economia. Desse modo, a economia funciona como feição típica do português e se repete continuamente no uso sociocomunicativo; estando presente, aliás, em todas as línguas do mundo. De posse dessas noções, usamos do seguinte procedimento metodológico: transcrevemos, fielmente, excertos de textos escritos por alunos universitários da área de humanidades, contendo, todos, em maior ou menor grau, problemas na articulação de elementos textuais. As refacções desses trechos foram elaboradas por primeiranistas, convidados a reordenar as ideias dos textos-bases. Importante: para o trabalho de reescrita, não se indicaram pontos obscuros ou “desvios” de construção dos enunciados. Os dados desta pesquisa confirmaram a tese de que os empacotamentos sintáticos, como marcas de ordenação clara de sentidos, encontram no recurso da economia uma ferramenta para “consertar” os trechos confusos. Como se verificou na análise do corpus, a concisão funcionou positivamente na refeitura dos textos. Além de colaborar com a clareza, as reescritas concisas não se confundiram com incompletas, pois não se deixaram perder as ideias contidas nos textos-bases. Outra etapa da pesquisa apontou sugestões didático-pedagógicas: o próprio exercício de refacção pode ser utilizado para dar aos alunos uma importante habilidade metacognitiva do uso da língua. Concluindo, é o caso de perguntar qual a importância, afinal, de adotar uma concepção de língua como um sistema adaptativo complexo? A saber: partir das estratégias usadas pelos alunos para tornar claros excertos obscuros, consegue-se dar visibilidade ao trabalho de (re)ordenação das estruturas linguísticas. Assim, é possível mostrar-lhes que, na imprevisibilidade do sistema caótico que é a língua, até pequenas alterações, por exemplo, a supressão de trechos ou o deslocamento de pontuação, podem desencadear efeitos de sentidos bastante significativos.