Programação do 63º seminário do GEL

A Jovem Guarda é um movimento musical surgido em São Paulo, em 1965, a partir de um programa televisivo homônimo da TV Record. O movimento se estabeleceu como um sinônimo do rock nacional, produzido em meados dos anos 1960 e, entre os textos que faziam parte do elenco de canções da jovem guarda, havia versões de canções dos Beatles e de outros artistas ingleses e norte americanos. A maioria dessas canções trazia em suas letras temas amorosos, voltados para o público juvenil. Graças a elas, o movimento tornou-se um dos maiores fenômenos de massa nacionais. Devido à grande influência da cultura musical anglófona sobre o movimento da jovem guarda, tal fenômeno midiático, que arrastou multidões, era também conhecido como iê-iê-iê (yeah-yeah-yeah), em alusão à musica dos Beatles. Por essa inspiração, a Jovem Guarda consagrou-se como o movimento musical no país que pôs a  música brasileira  em sintonia com o fenômeno internacional do  rock  da época. Assim, chegamos ao corpus de nossa pesquisa: versões brasileiras de canções americanas e britânicas consagradas pela Jovem Guarda. O nosso principal objetivo é depreender as formas de vida da juventude brasileira da época por meio de um cotejo entre as letras originais dessas canções e a suas respectivas versões brasileiras. Para isso utilizamos o arcabouço teórico da Semiótica Francesa, com ênfase, não somente nas dimensões pragmática, cognitiva e passional das letras das canções, mas principalmente nos conceitos de forma de vida. Greimas (1993), em seu texto intitulado “O Belo Gesto”, observa que uma forma de vida está vinculada a um comportamento esquematizável mais profundo que vai além do estilo individual e abarca uma filosofia de vida de um determinado grupo cuja descontinuidade acarreta uma mudança radical das formas de vida. Portanto, pretendemos analisar o modo como se configuraram as formas de vida do jovem da época no Brasil por meio da análise das letras de canções da jovem guarda, que são versões de letras de canções inglesas e norte-americanas, cotejando as formas de vida da juventude brasileira, manifestadas nessas versões, com as formas de vida que se manifestam em letras de canções inglesas e norte-americanas para apreender suas identidades e diferenças.