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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Uma análise da perífrase conjuncional "só que"
Autor(es): Las Frana Campos Rocha. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Gramaticalizao,
Resumo

Os estudos mais recentes no ramo da Linguística apontam para a observação da língua em uso, concebendo-a como um processo em constante mudança e não como um produto final, acabado. Partindo dessa perspectiva, a presente pesquisa objetiva estudar uma das classes de palavras que mais vem apresentando vivacidade em seus usos gramaticais: as conjunções. Dentro dessa classe de palavras, o recorte se dará sobre a locução conjuncional só que, item não reconhecido pela Nomenclatura Gramatical Brasileira – como se verifica na leitura de gramáticas de autores normativistas, como Napoleão Mendes de Almeida (1961), Rocha Lima (2010), Cunha & Cintra (2008) e Evanildo Bechara (2009), como também na leitura de  gramáticas  de autores descritivistas, como Maria Helena Moura Neves (2011) e Ataliba Teixeira de Castilho (2010). Nosso trabalho, com base na análise de um corpus coletado em textos escritos recorrentes da mídia atual, defende que só que pertence à esfera semântica conjuncional, responsável por atuar no processo de junção dos elementos no discurso, apresentando a propriedade de estabelecer entre os segmentos que articula o sentido de diferença, contraste, adversidade, ou quebra de expectativa. Assim, na busca por uma classificação gramatical de só que, as conjunções mas, porém, no entanto, todavia e embora também foram analisadas, verificando-se os contextos de uso e sua intercambialidade com a locução conjuncional só que.  Para a análise, consideramos as lições básicas da gramática funcional, cujas investigações centrais são indiscutivelmente relevantes para este estudo: (i) relações entre discurso e gramática – em que o primeiro comporta obrigatoriamente a segunda; (ii) liberdade organizacional do falante, dentro das restrições construcionais; (iii) gramaticalização, e suas bases cognitivas – a atividade do discurso pressiona o sistema. Direcionando-se às teorias que investigam a evolução de itens linguísticos diacronicamente, o fenômeno da gramaticalização é posto como enfoque, uma vez que, segundo o seu conceito, os itens tendem a se tornar mais gramaticais em decorrência dos novos usos. Por fim, a principal contribuição desta pesquisa é demonstrar que a recorrência da locução conjuntiva só que, comprovada em textos escritos de diferentes níveis de formalidade em circulação atual, exige que essa perífrase conjuncional não seja mais interpretada como exclusivamente da língua oral e passe a compor a classe de palavra das conjunções adversativas nas gramáticas atuais brasileiras.