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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Marigu! Formação e prática docentes no fortalecimento da língua e cultura bóroro na comunidade Meruri (MT)
Autor(es): Maxwell Gomes Miranda . In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave formao docente, educao lingustica, lngua borro
Resumo

A diversidade de línguas e culturas nativas ainda existente no Brasil (aproximadamente 180 línguas) (Rodrigues 1993) apresenta distintas situações sociolinguísticas quanto à aquisição e ao uso dessas línguas nos mais diversos contextos sociocomunicativos. As línguas nativas brasileiras, mesmo aquelas com um número significativo de falantes, são consideradas minoritárias em relação ao português e estão ameaçadas de extinção, em virtude de diversos fatores de natureza linguística, sociocultural, política e econômica (Hale et ali 1992). O objetivo desta comunicação é apresentar os esforços que têm sido realizados pelos professores indígenas da Escola Estadual Sagrado Coração de Jesus, na comunidade de Meruri, no que diz respeito ao fortalecimento da língua e cultura bóroro entre as crianças e jovens, do ponto de vista da sociolinguística. O povo bóroro está distribuído nas seguintes Terras Indígenas: Meruri, Perigara, Tereza Cristina (Córrego Grande ou Korogedu Paru), Sangradouro, Tadarimana, Jarudori, Piegaba e Pobore, e sua língua filia-se à família Bóroro (tronco Macro-Jê) (Rodrigues 1999). A comunidade Meruri, do ponto de vista histórico, foi o locus da missão Salesiana que chegou a essa comunidade em 1902 e permaneceu por mais de cem anos. A educação escolar ficou sob a responsabilidade de padres e missionários até o ano de 2012, quando a Secretaria Estadual de Educação de Mato Grosso assumiu essa função. Esse período caracterizou-se pelo ensino majoritário do português em detrimento da língua bóroro, resultando em um processo de descolamento linguístico (Hamel 1995), razão pela qual se explica, entre outros fatores, o alto grau de obsolescência da língua bóroro em Meruri, onde somente a geração acima de 30 anos domina e usa a língua em diversas situações, enquanto crianças e jovens têm o português como língua materna. Atualmente, a escola conta com professores indígenas e não indígenas, dos quais somente alguns falam a língua. Em vista desses fatos, professores indígenas e não indígenas têm se esforçado em fortalecer os conhecimentos tradicionais do povo por meio do ensino da língua bóroro como segunda língua (Fishman 1970). Assim, é importante destacar o papel da formação docente e da prática no processo de educação linguística em contextos multiculturais, a fim de que os professores conscientizem-se de manter viva a herança linguística do povo, mostrando-lhes “la alta relevancia de la lengua y el sistema autóctonos para la coesión y preservación de uma etnia” (Hamel 1995, p. 80), levando em consideração distintas situações sociolinguísticas e graus de vitalidade/obsolescência da língua nativa.