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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O mundo dos jornalistas em Amor e outros objetos pontiagudos, de Marçal Aquino
Autor(es): Marlia Giselda Rodrigues. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave campo discursivo, paratopia criadora, cenografia
Resumo

A atividade de escrita jornalística, geralmente entendida como um fazer técnico, um trabalho, e a atividade tida como solitária da escrita literária, dificilmente nomeada como trabalho, produziram muitas vezes um diálogo produtivo, revelando jornalistas escritores, autores que tiram de seu fazer cotidiano nas redações, material e “inspiração” para a criação literária. Com aporte da Análise de Discurso de linha francesa, minha pesquisa propõe tomar como objeto de estudo o discurso literário produzido por autores vindos do campo do jornalismo (jornalistas literatos), a fim de investigar os gestos que fundam a atividade laboriosa desse escritor – ler, transformar, escrever, criar, dentre outros –, considerando que a literatura não é somente uma maneira que a consciência encontra para se expressar, mas é também uma instituição que define regimes e papéis enunciativos específicos em uma dada sociedade e, ainda, constitui-se como uma atividade de escrita, dentre outras. Neste simpósio, apresento uma análise do livro O amor e outros objetos pontiagudos, de Marçal Aquino, que venceu o Prêmio Jabuti em 2000, buscando compreender a maneira como tal obra se inscreve no campo discursivo da literatura – seria um modo que é próprio de uma literatura que mantém laços com o jornalismo? A análise empreendida mostra que a atividade do escritor se organiza de modo semelhante à pesquisa jornalística, cujos métodos fazem lembrar a pesquisa de cunho etnográfico, e as investigações sobre a realidade contemporânea dão origem a tramas e a personagens que reproduzem, de alguma maneira, a vida nas grandes cidades. Parece haver uma predileção pelos temas ligados à violência urbana, típicos da literatura policial, sempre com a presença, de alguma maneira, do mundo do jornalismo nos textos, seja pela aparição de personagens repórteres ou pelo modo de descrever certos traços ou ações de personagens que parecem reproduzir cenas validadas do campo jornalístico. Ainda, o modo como o autor mobiliza a língua – transformada, na atividade de escrita, em interlíngua – se caracteriza pela simplicidade, pelos parágrafos curtos, pela linguagem enxuta, tal como ocorre, via de regra, no jornalismo.