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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A nova classe média no discurso da Folha de S. Paulo
Autor(es): Paula de Souza Gonalves Morasco Processo FAPESP 2012/19416-0. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave notcia, nova classe mdia, discurso
Resumo

Para esta apresentação, traremos a análise de algumas notícias publicadas ao longo dos anos dois mil pelo jornal Folha de S. Paulo e discutiremos a representação da nova classe média brasileira neste discurso. Embasamos nosso trabalho nos pressupostos da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001; WODAK, 2004; VAN DIJK, 2001; VAN LEEUWEN, 2008) e também em alguns estudos sobre enunciação (CHARAUDEAU, 2007; KEBRAT-ORECCHIONI, 1980; PAVEAU, 2007) e referenciação (KOCH & MARCUSHI, 1998;  KOCH, 2005; NEVES, 2010). Como é de conhecimento de todos, desde o início do ano 2000, a pirâmide social brasileira passou por mudanças, de modo que essa classe intermediária aumentou em número e em poder econômico, o que, sem dúvida, fez aumentar sua importância em todos os setores. Temos a intenção de observar se essa importância é acompanhada pelo discurso da mídia e se a referência a esta classe mudou ou vem mudando ao longo desse período, uma vez que esta “nova classe média” é formada pessoas que ascenderam das classes D e E, tradicionalmente apagadas dos discursos em geral. Considerando-se a relevância dessa fatia da sociedade brasileira, temos verificado, atualmente, um maior cuidado da grande mídia em relação à produção do discurso noticioso na representação desses atores sociais em comparação aos anos anteriores. No entanto, o apagamento do enunciador da notícia é uma façanha praticamente inalcançável, uma vez que sua presença é revelada por suas escolhas léxico-gramaticais e pré-discursos que acabam vindo à tona pela maneira como se produz o texto, ou seja, quem enuncia a notícia está sempre presente, seja por suas escolhas lexicais para a representação dos atores sociais, seja pela construção do ethos de um leitor específico e ideal a quem o jornal se reporta, dentre outras possibilidades. Apesar da grande frequência de estratégias de apagamento da voz do jornal por meio do uso das aspas e de construções discursivas que induzem o leitor a uma determinada interpretação, foi possível notar como se opta por representar a nova classe média por meio da exclusão dos atores sociais ou por meio da inclusão, mas de maneira genérica e muito frequentemente voltada para a questão do consumo.