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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Pacto autobiográfico em tiras cômicas: a representação do quadrinista como estratégia de produção do humor
Autor(es): Paulo Ramos. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Tiras cmicas, Humor, Auobiografia
Resumo

A noção de pacto autobiográfico, exposta por Lejeune (2008) no campo literário, ganha outras cores nas tiras cômicas. Estas têm se valido de uma representação do autor como estratégia para produção do humor, marca central desse gênero das histórias em quadrinhos (RAMOS, 2009, 2011). Mesmo que tais narrativas recriem elementos vividos pela pessoa que desenvolveu aquela história, os dados são trabalhados de forma irônica, com a intenção de construir mecanismos verbais e visuais que conduzam a um desfecho inesperado, fonte da comicidade. Esta comunicação tem como objetivo trabalhar esse caso específico de tira cômica, evidenciando como se processam essas estratégicas humorísticas. A exposição irá argumentar que o uso do autor da história em quadrinhos como recurso ficcional de criação do sentido cômico vem sendo trabalhado no Brasil desde meados do século passado. Mauricio de Sousa, criador das tiras da Turma da Mônica, para ficarmos em apenas um exemplo, foi um dos que se valeram com regularidade do recurso. Defende-se, no entanto, que, com a ampliação da circulação de tiras no país, viabilizada pelas mídias virtuais, o recurso humorístico tem ganhado mais exemplos, produzidos por diferentes autores de séries. Do ponto de vista da Linguística Textual, campo teórico que irá nortear esta comunicação, identificam-se nesses casos estratégias variadas para a construção do humor. O mencionado pacto autobiográfico implica que o autor da tira trabalhe com a premissa de que a representação de sua figura conta com o conhecimento compartilhado do leitor (KOCH, 2015). Do contrário, este não conseguiria recuperar as informações necessárias para a interpretação da narrativa multimodal. Trata-se de um conhecimento instado não somente por ordem verbal, mas também visual. Como se trata de um modelo teórico que estabelece que o texto é um evento comunicativo em que agem elementos sociais, cognitivos e interacionais, esse tripé também se torna relevante para desnudar outras estratégias referentes a esses casos. O papel social representado pelo desenhista é apresentado, em muitos dos exemplos analisados, de maneira jocosa e desprestigiada. Isso demonstra um eco de como muitas instâncias sociais brasileiras enxergam as histórias em quadrinhos, analisando-as como se fossem produções exclusivamente infantis e, como consequência disso, de qualidade inferior. O recorte de análise irá adotar como exemplos tiras que circularam em jornais brasileiros, livros de coletâneas de histórias e narrativas veiculadas em sites, blogs e redes sociais.