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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O CELPE-BRAS COMO INSTRUMENTO DE POLÍTICA LINGUÍSTICA DO BRASIL
Autor(es): Thomas Dorigon. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Celpe-Bras, Instrumento de Poltica Lingustica, Prticas Lingusticas
Resumo

Valendo-se de metodologia qualitativa e de análise documental, este trabalho tem como objetivo apresentar o Exame de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros (Celpe-Bras) como instrumento de política linguística (IPL) do Brasil. Entende-se aqui política linguística como um mecanismo político implícito ou explícito que impacta a estrutura, a função, o uso ou a aquisição de uma língua (JOHNSON, 2013). Apesar de avanços significativos, “ainda é restrito o número de textos em língua portuguesa sobre o desenvolvimento e os principais postulados teóricos e metodológicos da área, o que é um obstáculo para sua consolidação como disciplina permanente dos cursos de formação de professores de língua” (Da SILVA, 2013, p. 290). Como epistemologia, tomo como base a leitura de Shohamy (2006), que faz uma análise sobre mecanismos de política linguística, segundo a qual exames de língua “agem como mecanismos poderosos para afetar e manipular comportamentos linguísticos e o uso de estudantes, professores e a sociedade como um todo” (p. 93). A partir das características levantadas por Shohamy do que compõe um IPL, busco nos manuais do examinando e do avaliador do Celpe-Bras e em artigos sobre sua criação e implementação como o exame brasileiro se encaixa nesse perfil. De maneira geral, um IPL é um canal por meio do qual políticas são reproduzidas e também uma forma de implementar políticas, pois ele afeta, cria e perpetua práticas linguísticas (SHOHAMY, 2006). Se observarmos a conjuntura de criação do Celpe-Bras, veremos que ele tem as funções de certificar proficiência em língua portuguesa e promover essa língua, sobretudo no espaço sul-americano, e de impactar o ensino de português língua estrangeira, com destaque para os Centros Culturais Brasileiros, ainda muito centrado na forma e estrutura da língua (SCHLATTER, 2006). Dessa forma, o exame representa a política linguística oficial do governo brasileiro para o exterior, já que “é o único certificado de proficiência em português como língua estrangeira reconhecido oficialmente pelo governo brasileiro” (Manual do Candidato, 2012) e possibilita que outras políticas sejam criadas a partir dela ou que a ela estejam vinculadas, como a criação de materiais didáticos embasados no construto do Celpe-Bras pelo Instituto Internacional da Língua Portuguesa ou bolsas de graduação e de pós-graduação oferecidas pelo Brasil e que exigem a certificação dos seus candidatos nessa prova.