logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Uma leitura da paisagem em contos de Leréias, de Valdomiro Silveira
Autor(es): Regina Clia dos Santos Alves. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Valdomiro Silveira, paisagem, conto
Resumo

Valdomiro Silveira (1873-1941) é, na atualidade, um escritor quase desconhecido. O autor, que inicia sua produção literária no final do século XIX, hoje é pouco lido e estudado, merecendo apenas breves comentários em algumas histórias da literatura e a atenção de alguns pesquisadores, também poucos, que se dedicaram a abordar sua obra em estudos de maior fôlego. Dedicando-se basicamente ao conto, em vida Valdomiro Silveira publicou três coletâneas, Os caboclos (1920), Nas serras e nas furnas (1931) e Mixuangos (1937). Postumamente, em 1945, viria à luz Leréias, obra que o autor já deixara organizada. Além dessas quatro obras, o escritor paulista publicou diversos contos e crônicas em jornais e periódicos da época e deixou uma série de outros textos inéditos, como a coletânea de contos Mucufos, por ele organizada antes de sua morte. Considerado por alguns críticos como aquele que inicia o regionalismo na literatura brasileira, é certo que Valdomiro Silveira teve como tema central de sua literatura o caipira, o homem campesino do interior paulista, sua cultura e seu modo de ver o mundo no final do século XIX e primeiras décadas do século XX. No focar o mundo rural e seu habitante, o escritor, a nosso ver, consegue com maestria recriar a realidade do caipira, apagando a artificialidade, sobretudo linguística, ainda muito evidente, e o olhar distanciado e preconceituoso também comum nesse momento da literatura brasileira quando o foco era o homem rural e seu contexto de vida. Assim, considerando a pecualiaridade de tratamento dada por Valdomiro Silveira ao homem do interior rural de São Paulo e as várias possibilidades de abordagem que sua literatura oferece, ater-nos-emos, nesse trabalho, ao estudo da paisagem em alguns contos de Leréias. A paisagem, aqui entendida como um espaço percebido, envolvendo, portanto, três elementos fundamentais, isto é, um local, um olhar e uma imagem, adquire grande relevância nos contos. As paisagens que tomam a cena em seus contos, como pretendemos mostrar, não se restringem à mera ambientação dos locais em que se encontram as personagens, tampouco à caracterização pitoresca da natureza. Em vários contos de Leréias, a paisagem construída é expressão singular do próprio homem campesino, de sua cultura, de suas crenças, medos e alegrias, enfim, de sua forma de perceber o mundo e as coisas. A paisagem, assim, funciona como uma mediação entre o interior e o exterior, sendo capaz de expressar o movimento que liga o indivíduo e as coisas.