63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Soletrar para (r)escrever |
Autor(es): | FERNANDA MARIA PEREIRA FREIRE, Maria Irma Hadler Coudry. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Neurolingustica Discursiva, afasia, infncia |
Resumo |
A soletração é uma atividade metalinguística complexa em que se cruzam experiências originárias da própria fala e da escrita, incluindo coordenadas temporais e espaciais, o que exige o funcionamento quase simultâneo de várias regiões corticais, que sustentam processos de registro, análise e inter-relação de elementos que participam de um dado aprendizado. Quando soletramos levamos em conta a dimensão espacial da palavra e sua separação em unidades mínimas que se reúnem em uma determinada ordem para compor a palavra, ou seja, fragmentamos temporalmente a palavra ao dizer o nome de cada letra que a compõe e para isso temos que projetar a palavra escrita mentalmente. Em termos freudianos (Freud, 1891) pode-se dizer que o nome de cada letra requer uma representação de palavra particular que se associa a outras representações de palavras das demais letras e que se associam ordenadamente para formar a representação de palavra da palavra alvo: uma superassociação de elementos, portanto. A soletração é uma atividade importante para a criança que aprende a ler e a escrever, bem como para o adulto cérebro-lesado que têm a fala e/ou a leitura e a escrita afetadas pelo episódio neurológico. Neste estudo discutimos o estatuto clínico dessa atividade visando compreender o funcionamento linguístico-cognitivo do sujeito que soletra, bem como suas eventuais dificuldades nesse processo. Para tanto, serão analisados dados de crianças com dificuldades no aprendizado escolar da leitura e da escrita e de adultos cérebro-lesados com diferentes dificuldades linguísticas produzidos em meio a diferentes práticas de linguagem no Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho) e no Centro de Convivência de Afásicos (CCA - Grupo II), respectivamente no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL-UNICAMP), como parte das sessões de acompanhamento longitudinal de que participam. Esperamos mostrar que esse tipo de análise – qualitativa de base heurística – pode auxiliar na intervenção clínica desses sujeitos. |