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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Caminhos da poesia em "Cara-de-Bronze" e "Buriti"
Autor(es): Elisabete Brockelmann de Faria. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Cara-de-Bronze, Buriti, poesia
Resumo

Um dos traços mais ostensivos de João Guimarães Rosa está na sua relação com a palavra, que, em sua produção, deixa de ser simples palavra e se torna um feixe de significações, capaz de suscitar mais sentidos, desdobrando-se em uma rede tecida com sons, cores, formas e movimentos, remagnetizados a cada leitura. Considerando-se o intenso trabalho do escritor com o universo da expressão, este artigo examina duas narrativas rosianas, no que respeita à criação e manutenção do discurso poético. Em “Cara-de-Bronze”, um fazendeiro determina que um de seus vaqueiros parta em viagem em busca da poesia; em “Buriti”, um veterinário retorna à fazenda onde se encantou com a moça da casa. A partida e a chegada dessas personagens condicionam determinadas formas de realização da poesia, através de elementos caros à tradição poética como a natureza, a viagem, a imaginação, o amor. Para a análise das narrativas, vale registrar textos críticos, como os de Benedito Nunes, “O amor na obra de Guimarães Rosa” e “A viagem do Grivo”. As cartas trocadas entre o escritor e seus tradutores são fontes importantes para o estudo, nas obras J. Guimarães Rosa - Correspondência com seu tradutor italiano Edoardo Bizzarri e João Guimarães Rosa: correspondência com seu tradutor alemão Curt Meyer-Clason. No exame dos recursos poéticos, os referenciais teóricos mais relevantes são os de Roman Jakobson, “À busca da essência da linguagem” e “Linguística e poética”; de Emil Staiger, Conceitos fundamentais da poética; de Tzvetan Todorov, “Em torno da poesia”; e de Alfredo Bosi, O ser e o tempo da poesia. Dada a relevância que a natureza   assume nas narrativas selecionadas, são examinadas as obras Ser-tão natureza: a natureza de Guimarães Rosa, de Mônica Meyer, e No longe dos gerais, de Nelson Cruz. Entre os resultados da análise, destaca-se a profunda conexão entre o espaço aberto da natureza e a capacidade imaginativa das personagens Grivo e Miguel, o que viaja e o que chega, trazendo, levando e perpetuando as fontes da poesia na obra rosiana.