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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O GÊNERO EPISTOLAR COMO INSTÂNCIA ENUNCIATIVA LEGITIMADORA DO MODERNISMO BRASILEIRO
Autor(es): Manuel Jos Veronez de Sousa Jnior. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave cena de enunciao, gnero epistolar, modernismo brasileiro
Resumo

De acordo com Dominique Maingueneau, na obra Discurso Literário (2012), todo enunciado, inclusive a obra literária, implica uma cena de enunciação, o que justifica sua proposta de apreender as obras enquanto dispositivos de comunicação. Para o autor, um processo de comunicação não se enquadra na perspectiva sociológica, em uma abordagem do “exterior” da obra, mas em uma cena de enunciação que a fala pretende definir por meio do quadro que ela mostra no próprio movimento em que se desenrola. Nessa perspectiva, para Maingueneau (2012), um texto é o rastro de um discurso em que a fala é encenada. A respeito da cena de enunciação, o autor ainda esclarece que ela se constitui de três cenas que operam sobre planos complementares, a saber: a cena englobante, a cena genérica e a cenografia. A cena englobante corresponde ao tipo de discurso; a cena genérica ao gênero do discurso; e a cenografia corresponde às cenas instauradas na/pela enunciação. A partir do conceito de cena de enunciação, objetivamos, neste trabalho, analisar de que maneira o gênero epistolar se constituiu, entre os modernistas brasileiros, uma instância enunciativa privilegiada por meio da qual se buscou fundar e legitimar o movimento modernista no campo da arte brasileira. Para tanto, analisaremos, especificamente, algumas cartas de Mário de Andrade enviadas a Carlos Drummond de Andrade. Esse recorte se justifica pelo fato de Mário de Andrade ter se valido sistematicamente do gênero epistolar para difundir seus ideais intelectuais e artísticos. Por meio da correspondência com diversos intelectuais e artistas de sua época, o autor buscou se firmar como mentor do movimento modernista brasileiro, construindo uma rede de discípulos que o legitimava como mestre dos novos ideais estéticos do novo grupo de artistas. A abordagem metodológica se dará, fundamentalmente, a partir do dispositivo de análise proposto por Michel Pêcheux (1983/2002) em Discurso: estrutura ou acontecimento, segundo o qual a análise contempla um batimento entre os momentos de descrição e interpretação do objeto, sem, entretanto, considerar que esses movimentos sejam indiscerníveis. (Apoio: CAPES).