logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A estilística da ironia através do advérbio
Autor(es): Nelyse Salzedas, Rivaldo Alfredo Paccola. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Advrbio, Funes contextuais, Modalizao
Resumo

Neste trabalho, pretendemos discutir as funções e modalizações do advérbio em Eça de Queiroz, que herdou de Flaubert e da literatura francesa o seu emprego como recurso estilístico da língua literária dando-lhe uma grande vitalidade. Faremos a abordagem pela estilística da ironia, que consiste em atribuir, neste caso, ao advérbio um significado diferente daquele que comumente tem, sugerindo o contrário do que, de fato, quer-se dizer. De acordo com Schoentjes (2001), a ironia constitui-se na forma discursiva buscando um efeito estético com a finalidade de mostrar a arte (o artifício), cujo sentido veiculado é o paradoxo, que se manifesta em relação ao tempo de sua utilização. Além do mais, conforme Hutcheon (2000), a ironia “acontece” no espaço entre o dito e o não-dito e, com isso, alcança, sobretudo, as relações contextuais de suas escritas estéticas. Do jogo estético emerge a ideia, o juízo, o engajamento da imaginação com o real, mas, também ao estético vincula-se a coisa dada, a burla, o fingimento, a própria ilusão, pelo jogo livre da imaginação, jogo esse dissolvido em possibilidades existenciais fictícias. Assim, o advérbio que carrega diversas possibilidades de interpretação, de incertezas significativas e ambíguas, quando utilizada pelo escritor português, estabelece uma ampla relação de hiperonímia entre termos que se confundem com dissimulação, hipocrisia, fingimento e mentira. Segundo Da Cal (s/d), Eça recolhe a lição flaubertiana para desenvolvê-la em português e dar-lhe uma variedade e um atrevimento muito maiores, pois o advérbio de modo é plurifuncional. Seguiremos o caminho trilhado por Paiva (1961), que estabelece cinco funções para o advérbio: metafórica; analógica; emocional; eufemística; e antitética. A elas, acrescenta-se a posição de Cressot (1969), o qual faz uma descrição do advérbio de modo, quando afirma que sua morfologia encerra uma perífrase para a expressão de uma ideia única, com sua consistente massa, uma força que emerge, de modo que o advérbio não precisa ser caracterizado, exceto no que diz respeito à intensidade. O corpus utilizado para referenciar as funções do advérbio indicadas encontra-se em textos de Eça de Queiroz, que revitalizou a língua portuguesa pelo esmero que a emprega para vestir a roupagem adequada e produzir o efeito no leitor que teve em mira, particularmente com o uso desta classe gramatical.