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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Cronotopicamente ideológico: a construção do gênero seriado
Autor(es): Marcela Barchi Paglione. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Gnero, Seriado, Ideologia
Resumo

O presente trabalho se volta à análise do seriado em sua construção, recepção e circulação social como gênero discursivo característico do cronotopo contemporâneo. O objeto do estudo proposto é o seriado Sherlock (2010), que ressignifica ideologicamente o detetive Sherlock Holmes no cronotopo da hibridez e da androgenia do século XXI. Para isso, ter-se-á como base teórico-metodológica a filosofia da linguagem do Círculo de Bakhtin, especialmente no que concerne a discussão sobre os gêneros, esfera de atividade, signo ideológico e reflexo e refração. Segundo Medvíedev, “(...) cada gênero possui seus próprios meios de visão e de compreensão da realidade, que são acessíveis somente à ele (...) Cada um dos gêneros efetivamente estáveis é um complexo sistema de meios e métodos de domínio consciente e de acabamento da realidade” MEDVÍEDEV, 2012, p. 198). Em consonância com a concepção de gênero explicitada, pode-se dizer que o seriado seria uma nova forma de ver a realidade a partir de meios de comunicação verbo-voco-visuais em uma sociedade marcada pela abundância do signo visual, da rapidez e fluidez das relações, além de suportes midiáticos que possibilitam ao público responder aos episódios em fóruns, blogs etc. Como a compreensão da realidade se dá na comunicação social ideológica, para compreender o gênero é necessária uma “sociologia do gênero” (idem, p.120), ou seja, fazer com que a obra estética seja reinserida em um contexto sócio histórico cultural, na enunciação da língua viva, criada por sujeitos sociais. Entende-se que, no seriado, sejam veiculados reflexos e refrações do horizonte social. Como todo gênero, ele se origina a partir das necessidades de uma esfera de atividade e está disposto à resposta de outrem: responde às exigências conteudístico-formais da emissora que lhe encomenda a partir de uma aceitação de um episódio-piloto e antecipa a resposta do público consumidor, alvo do produto. Elemento característico da construção arquitetônica contemporânea dos seriados, o ouvinte pressuposto na enunciação da série responde e continua a produzir significações e enunciados no universo digital, a partir da narrativa transmídia (Jenkins, 2006). Assim, esse ouvinte dá continuidade ao universo do seriado e oferece portas de entrada à franquia. Analisar-se-á de que maneira a construção arquitetônica do gênero seriado, especialmente Sherlock, possibilita refletir sobre as condições de produção, circulação e recepção do mesmo na esfera de atividade televisiva e de que maneira a resposta e compreensão ativa do público extrapola essa mídia e permeia o universo digital.