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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A NOÇÃO DE SUJEITO NO DISCURSO EM TORNO DE INDÍGENAS NA CIDADE
Autor(es): gueda Aparecida da Cruz Borges. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Sujeito, Indgena, Cidade
Resumo

Ao consideramos um caso específico de inserção indígena no ambiente urbano, devemos fazê-lo, tendo em conta o processo de subjetivação e o modelo de sociedade específicos do grupo em foco. Essa consideração nos coloca questões importantes sobre relações possíveis para a cidade, que já vimos funcionar, como por exemplo, a temporalidade, a negação e, para esta apresentação, o nosso objetivo é aprofundar a análise sobre a designação, até porque, não há uma designação específica que compreenda o indígena na ocupação do espaço da cidade; ele não é habitante, não é proprietário, não é dono. Entre o real e o imaginário do que seja uma designação para um sujeito na cidade são muitas as atribuições designativas que acompanham o termo genérico índio e, contraditoriamente, imprimem a afirmação de que, no espaço urbano, “índio deixa de ser índio”. No caso pesquisado, a presença/frequência indígena, na cidade, se apresenta para os povos indígenas como os que buscam melhoria de vida na cidade, o que sob a nossa compreensão é um discurso fundador do enunciado o índio que vem para a cidade deixa de ser índio, produzindo-se aí um efeito de logicidade e rapidez incrivelmente eficaz: vem para a cidade, logo, deixa de ser índio. Na ordem da cidade, o sujeito indígena é interpelado a ser sujeito de direito/capitalista, portanto, igual a qualquer outro = cidadão comum, porém, dividido entre esse discurso e o indígena. Os efeitos de sentido produzidos no movimento de vinda para a cidade se dão muito sob a mobilização do olhar o corpo do outro; ocorre um retorno contraditório, pois, é como índio que o sujeito é visto/reconhecido. Não escapa ao olhar as marcas do imaginário colado na história. O sujeito é consequência das discursivizações em torno dele, nas condições de produção em que se encontra. É nesse movimento que se instaura a resistência, pois o povo Xavante interpela a cidade que o interpela. O não índio significa delimitando seu espaço e o espaço do Outro=índio, marcando-se, assim, em seu discurso, a diferença, a desigualdade, o preconceito, o distanciamento, a invisibilidade, a negação, a exclusão, a divisão, a brasilidade, a cidadania. Os efeitos interdiscursivos se materializam no encontro entre o passado e o presente, num terreno movediço, complexo o qual seguimos tentando entender, pois esses dizeres interpelam os Xavante a subjetivar-se, a significar-se e produzir sentidos, a se olharem e se fazerem olhar.