63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | Concepção de comunicação na perspectiva do Círculo de Bakhtin |
Autor(es): | Rosineide de Melo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | comunicao, interao, dialogismo |
Resumo |
Seria muito pretensiosa, para não dizer leviana, a tentativa de conceituar comunicação. Se fôssemos considerar somente o vocábulo já teríamos uma imensa possibilidade de significados. A concepção de comunicação “recobre uma multiplicidade de sentidos” (MATTELART; MATTELART, [1995] 2010, p. 9). Isso sem considerar a contemporaneidade que apresenta novas formas de comunicação viabilizadas pelas tecnologias. O tema já foi/é interesse de várias disciplinas e, se é impossível um consenso acerca da terminologia e do conceito, muito mais o estabelecimento da(s) Teoria(s) de Comunicação. A proposta de Bakhitn e seu Círculo não prevê definições, tampouco visa a estabelecer uma teoria da comunicação. A definição de comunicação, portanto, não é foco dos estudos dos russos. Daí nosso grande desafio e inquietações inerentes a uma busca que não está – pelo menos explicitamente posta – no centro das preocupações do trabalho do Círculo, mas presumida na arquitetônica. A teoria dialógica do discurso circunda, implica e imbrica essa concepção. Por outro lado, constata-se que as abordagens – independentemente das áreas – recorrem à célebre definição revisitada por Roman Jacokbson (1967/2010) em diálogo com a Teoria da Informação que considera comunicação como processo de transmissão de mensagem entre emissor e receptor. Em nosso entendimento, a linearidade dessa definição não dá conta da comunicação humana que, por sua natureza, é muito mais complexa, plural e multissemiótica. Nessa direção, realizamos uma pesquisa que compreende a releitura das obras em Língua Portuguesa e levantamento de ocorrências e estabelecimento de campos semânticos. O levantamento é quantitativo (localização da ocorrência) e qualitativo (estabelecimento de campo semântico), o qual nos permite mapear as ocorrências do vocábulo em cada obra e identificar os respectivos empregos semânticos. Com isso, é possível apreender a concepção em cada obra, estabelecer cruzamentos semânticos entre as obras, estabelecer a rede conceitual que se interliga - como é peculiar ao Círculo – e apresentar o (in)acabamento conceitual. Nossa leitura inicial nos permite arriscar que a comunicação humana, para o Círculo, como não poderia deixar de ser, é concebida de uma forma ampla, complexa e dialógica, numa perspectiva circular e de inacabamento, cujo centro é a interação que, com seus elementos implicados, determina o sentido. Dialogando com conceitos clássicos, a abordagem bakhtiniana de comunicação vai além do esquema emissor-mensagem-receptor-resposta proposto nas abordagens anteriores consagradas, embora, redutoras. |