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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: CARACTERÍSTICAS ACÚSTICAS DE LATERAIS EM POSIÇÃO INTERVOCÁLICA EM PRODUÇÕES DE FALANTES CURITIBANOS.
Autor(es): MARIA JULIA FONSECA FURTADO. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave lateral alveolar, lateral palatal, lateral palatalizada
Resumo

Este estudo investiga consoantes laterais em posição intervocálica no português brasileiro (PB). Descrições prévias relatam para esta posição a presença da lateral alveolar e da lateral palatal (CALLOU E LEITE, 2009; C MARA JÚNIOR, 2000; HORA, 2009) e/ou da lateral palatalizada (CRISTÓFARO SILVA, 2003). Estas descrições são impressionísticas, cujas análises são feitas apenas auditivamente e podem, portanto, não se verificar no sinal acústico das produções dos falantes. O estudo de Collischonn e Silva (2012), através de dados acústicos de fala do PB, reportou uma ocorrência restrita da lateral palatal, apenas quando esta ocupava posição inicial de palavra: para a maioria dos dados o que emergiu foi uma lateral palatalizada descrita como um som intermédio entre a lateral alveolar e a lateral palatal. Além dessa questão sobre a ocorrência ou não da lateral palatal em posição intervocálica no PB, em palavras como “filha”, o presente estudo examina o que acontece ao se acrescentar o sufixo “inha” formando palavras como “filinha” e “filhinha”. Questiona-se se as laterais presentes nestas palavras no diminutivo seriam realizadas de forma distinta. Para isso, foram feitas análises fonético-acústicas de palavras lidas por informantes curitibanos masculinos durante um experimento. Os parâmetros considerados para a análise dos dados foram: valores de frequência do primeiro formante (F1), do segundo formante (F2), do terceiro formante (F3) e duração relativa dos segmentos. Além destes, o parâmetro F2-F1, adotado por estudos acústico-articulatórios que investigam diferentes graus de velarização da lateral alveolar (SPROAT & FUJIMURA, 1993; RECASENS, 1996, 2012) foi também observado.  O intuito era verificar se este parâmetro pode auxiliar na investigação do ponto de articulação da lateral palatal/palatalizada. Conclusões preliminares apontam primeiramente para a ocorrência majoritária da lateral palatalizada nos dados, ao invés da lateral palatal que contém duas longas transições da vogal para consoante e da consoante para a vogal como descrita por Silva (1996). Sobre os valores de F2-F1 das laterais, suas médias gerais crescem de aproximadamente 600Hz a 1600Hz na direção exemplificada na sequência: “fila, filha, filinha e filhinha”. Com suporte na teoria acústica de produção da fala de Fant (1960) os valores dos formantes F1 e F2 se relacionam com a posição e a altura da língua, assim, possivelmente quanto mais afastados o primeiro e segundo formantes entre si mais palatalizada a realização. Logo, o parâmetro F2-F1 parece ser relevante para esta análise.