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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Um estudo funcional da categoria de aspecto nas línguas indígenas brasileiras
Autor(es): Lucas Marques de Oliveira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave tipologia linguistica, funcionalismo, aspecto
Resumo

UM ESTUDO FUNCIONAL DA CATEGORIA DE ASPECTO NAS LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS: CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

 

Diferentemente da categoria de tempo, que, em geral, é definida na literatura como uma categoria dêitica que relaciona o tempo do evento ao momento da enunciação, a partir do qual as demais instâncias temporais são diferenciadas, a categoria de aspecto é definida como uma categoria não-dêitica (LYONS, 1977, p. 331; ALMEIDA, 2008, p. 60), estando mais associada à representação espacial do tempo de execução das ações (CASTILHO, 2002), em termos de duração, freqüência, etc. Trata-se de uma categoria gramatical que está relacionada à realização, ao modo como se produz uma ação, ou, em outras palavras, à constituição temporal interna dos eventos (HENGEVELD e MACKENZIE, 2008; TRASK, 2006, p. 40). Em linhas gerais, a categoria de aspecto é a menos discutida entre as línguas do mundo (COMRIE, 1985), justamente porque constitui uma categoria complexa. as noções de aspecto mais conhecidas na tradição gramatical e nos estudos linguísticos são as de perfectividade (de ação acabada, realizada) e imperfectividade (ação inacabada, em curso). O aspecto perfectivo indica o grau de completude de uma ação, ao passo que o aspecto imperfectivo chama a atenção para a duração de uma ação (ação não acabada). Apesar de serem funcionalmente distintas, as categorias de tempo e aspecto estão intimamente interligadas, conforme apontam Comrie (1985, 1986), Anderson e Comrie (1991), Palmer (1986) e Ilari (1989). Isso ocorre, segundo Costa (2002), porque tanto em português como em outras línguas, as noções de aspecto e tempo são definidas como categorias temporais, uma vez que é a partir do tempo físico, tomado como ponto de referência, que as distinções semânticas de tempo interno e tempo externo são, muitas vezes, realizadas. Assim, com base nesses apontamentos, o objetivo do trabalho é analisar a categoria de aspecto nas línguas indígenas das famílias Aruak (Kinikinau), Jê (Parkatejê, Xerente, Xavante), Guató (Guató), Tupi-Guarani (Asurini), Boróro (Bororo) e Ofayé (Ofayé), sob a perspectiva teórica da Gramática Discursivo-Funcional (GDF - HENGEVELD e MACKENZIE, 2008), levando-se em consideração o princípio de ordenação dessas categorias gramaticais quanto ao predicado (verbo) da oração, as suas relações semânticas de escopo em relação às camadas da GDF e as suas formas de codificação morfossintática nas línguas sob análise. Para isso, utilizamos como corpus de pesquisa livros e gramáticas descritivas de línguas indígenas disponíveis em arquivo pdf e em bibliotecas virtuais.