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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Tornar-se (in)visível graças à tradução: o caso das literaturas magrebinas de expressão francesa
Autor(es): Maria Anglica Dengeli. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave traduo, invisibilidade, lngua francesa
Resumo

Em seu livro La république mondiale des lettres (1999/2008), Pascale Casanova afirma que: “Todos os ‘escritores literários’ das ‘pequenas’ línguas são confrontados, de uma forma ou de outra, à questão, de alguma maneira inevitável, da tradução. ‘Escritores traduzidos’, eles são tomados por uma contradição estrutural dramática que os obriga a escolher entre a tradução numa língua literária, a qual os separa de seu público nacional, mas lhes oferece existência literária, ou o recolhimento numa ‘pequena’ língua, que os condena à invisibilidade literária ou a uma existência literária completamente reduzida à vida literária nacional” (2008, p. 363). Se por um lado, a afirmação de Casanova merece ser questionada, por outro, essa mesma afirmação encontra ressonâncias diretas no debate que animou (e ainda anima) grande parte da produção literária pós-colonial do Magrebe. A interrogação sobre o estatuto da língua na qual se escreve é, de fato, um imperativo para o escritor dividido entre a herança da língua do colonizador e a diversidade dos múltiplos idiomas locais. Escrever nesse contexto é, de acordo com Casanova, travar um enfrentamento direto com a questão da língua. Neste sentido, escrever é entregar-se à aventura de um entre-as-línguas que se define como um desafio político-identitário constitutivo de toda tradução. Tais questões, por sua vez, têm influência direta no processo de divulgação dessas escritas, as quais, em sua maioria, permanecem até mesmo desconhecidas do público francófono. O objetivo desta comunicação é, então, o de investigar, a partir de uma visada teórica e analítica, compreendendo os escritos de Pascale Casanova (2008), de Jacques Derrida (1998; 1999), entre outros, como chegam (ou não) até nós, via tradução, as obras desses autores magrebinos de expressão francesa; em que medida a problemática da língua se faz sentir no contexto de uma literatura estrangeira traduzida para o português e qual o papel da mídia para tornar visíveis alguns autores em detrimento de outros.