63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | A FUNDAÇÃO DE KRIG-HA: O MODO DE CONSTITUIÇÃO DA PARATOPIA NO GIBI-MANIFESTO DE RAUL SEIXAS E PAULO COELHO |
Autor(es): | Bruno de Sousa Figueira. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 08/10/2024 |
Palavra-chave | Anlise do Discurso, Discurso Literrio, Paratopia |
Resumo |
O presente trabalho objetiva analisar, sob a perspectiva teórica da Análise do Discurso, sobretudo a partir das noções teóricas propostas por Dominique Maingueneau em Discurso Literário (2006), o modo pelo qual se constitui a paratopia no gibi-manifesto A fundação de Krig-ha, de autoria de Raul Seixas e Paulo Coelho, com ilustrações de Adalgisa Rios. Conforme compreendido por Maingueneau (2009, p. 60), o discurso literário possui uma especificidade, ainda que não seja o único: “participa de um plano determinado da produção verbal, o dos discursos constituintes”, que se propõem como discursos de Origem, que são validados por uma cena de enunciação que os autoriza a si mesmos. Segundo o autor, outro aspecto dos discursos constituintes é a sua localidade paradoxal – o que Maingueneau nomeará de paratopia –, que não diz respeito à falta de um “lugar” próprio, mas advém da difícil negociação entre o lugar e o não-lugar, que emerge da própria impossibilidade de estabilizar-se. Este processo incide em três dimensões; trata-se dos embreantes paratópicos, a saber: a cenografia, o código de linguagem e o ethos. O gibi A fundação de Krig-ha é composto por 16 páginas, contando com a capa; possui páginas sem divisões e outras que se dividem em formato de história em quadrinhos. Sua cenografia é de manifesto, tendo sido distribuído nos shows da turnê do álbum Krig-ha, bandolo!. A fundação de Krig-ha, além de dialogar diretamente com o álbum Krig-ha, bandolo!, intertextualiza também, em virtude de seu caráter esotérico, místico e simbólico, com outras composições de Raul Seixas. A existência dessa intertextualidade entre o gibi-manifesto e outros textos, advindos de um arquivo abarcado por vários campos, como o “do ocultismo”/“do misticismo”, aponta, conforme a nossa hipótese, para a dimensão paratópica na obra de Raul Seixas: podemos perceber no gibi, inicialmente, a emergência de um ethos messiânico/místico, cenografias que também fazem alusão a uma enunciação mística e o uso de um código de linguagem igualmente esotérico, elementos da enunciação que funcionam como embreantes paratópicos e atuam no funcionamento da paratopia no gibi-manifesto. As análises que empreenderemos do gibi se darão a partir de um dispositivo de análise proposto por Michel Pêcheux (1983/2002) em Discurso: estrutura ou acontecimento, segundo o qual a análise contempla um batimento entre os momentos de descrição e interpretação do objeto, sem, entretanto, considerar que esses movimentos sejam indiscerníveis. (Apoio: CAPES) |