Programação do 63º seminário do GEL

Ao refletirmos sobre o ensino da Língua Portuguesa para alunos que frequentam as escolas brasileiras, focamos nossa atenção para o público da Educação de Jovens e Adultos (EJA), em especial o primeiro segmento (1º ao 5º ano do Ensino Fundamental), centrando-nos em aspectos sobre o ensino da linguagem verbal, sobretudo a escrita. Nesse contexto, este trabalho, realizado por meio de pesquisa bibliográfica e com base em nossas experiências como educadoras na EJA e em cursos de formação de professores que atuarão nesse segmento de ensino, visa a apresentar uma discussão sobre o ensino da língua escrita para alunos que utilizam, em sua maioria, uma variação linguística popular, decorrente de vários fatores, entre os quais grupos etários, condições socioeconômicas e nível de escolarização e que deverão, ao frequentar a escola, ter acesso à norma culta da língua. Os estudos desenvolvidos no campo da sociolinguística, área que embasa teoricamente este trabalho, revelam a necessidade de reflexões por parte dos educadores acerca do conceito do modelo ideal do uso da língua, centralizado na norma padrão, desconsiderando a importância e a legitimidade da variação linguística para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Defendemos, nesta pesquisa, que o professor, ao ensinar o código escrito a alunos que frequentam a EJA no processo inicial da alfabetização, deverá (re) conhecer e respeitar a variação linguística desse público e, ao mesmo tempo, ensiná-lo de acordo com o proposto na língua culta, a partir de uma prática educacional livre de estigmas sobre a variação linguística. Nesse contexto, deverá possibilitar aos discentes uma formação autônoma no domínio da escrita, podendo utilizá-la de acordo com as diferentes situações sociais. Com base também em uma perspectiva multicultural e pautando-nos em uma abordagem dialógica de educação freireana, reconhecemos a importância de valorização da linguagem dos alunos de camadas populares e que frequentam as salas de EJA, e o acesso a esses espaços institucionalizados poderão oportunizar aos alunos a ampliação de suas competências linguísticas, entre as quais a produção de textos escritos na modalidade culta da língua.