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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: IDENTIDADE E EXIGUIDADE: ANTONINE MAILLET E A LITERATURA ACADIANA
Autor(es): Nelson Lus Ramos. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave exiguidade, literatura acadiana, Antonine Maillet
Resumo

Em seu discurso sobre a exiguidade, François Paré, no brilhante ensaio Les littératures de l’exigüité (1992), concebe as “literaturas minoritárias” como “as obras literárias produzidas no seio das minorias étnicas no interior dos Estados unitários” (p.26). No caso específico da literatura acadiana, ele a insere no domínio do que chama “as literaturas insulares”, “enquanto condição interiorizada da exiguidade insular” (p.31), da mesma forma que se poderia falar de “minorização”. Assim, segundo ele, a insularidade da literatura acadiana “faz a sua força estratégica ao mesmo tempo que constitui os seus limites mais tangíveis” (p.31). Lucie Hotte, em sua apresentação ao número 31 da Revue du Nouvel-Ontario dedicado ao espaço em literatura franco-ontariana, lembra que Paré destaca a valorização excessiva do espaço por parte das pequenas literaturas, e acrescenta a estudiosa que, “privadas de espaço real, as comunidades minoritárias (...) tentam criar para si um espaço por meio da criação artística e particularmente pela literatura” (p.5). Em Antonine Maillet, escritora acadiana, transparecem nitidamente, em boa parte de suas obras, personagens, lugares, costumes, falares que deixam explícita a identificação dessa minoria linguística francófona do Canadá, à qual ela pertence, como se fosse necessário (e, no caso, isso fica evidente) demarcar o território habitado pelos acadianos. Outra marca distintiva e predominante na maioria dos seus textos é o seu caráter oral: Antonine Maillet se apresenta sempre como uma contadora de histórias (mais do que como escritora). Para Paré, desprovidas “(d)os mecanismos institucionais que privilegiam a escrita” (p.43), as pequenas literaturas têm sempre presentes a oralidade, “como se elas tivessem por objetivo último o de fazer falar a escrita” (p.41). Assim, apoiando-nos na teorização proposta por François Paré sobre o espaço e a exiguidade – além dos trabalhos dedicados ao espaço em literatura franco-ontariana (muito próxima da literatura acadiana) e que seguem pelo mesmo caminho –, pretendemos, nesta análise, abordar a obra de Antonine enfocando a construção do espaço “acadiano” em seus romances, reforçado pelo caráter de oralidade tão presentes neles, ambas características das chamadas literaturas minoritárias.