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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O Português do Brasil no Quadro das Línguas Transplantadas: a tese do conservadorismo e as estratégias de adaptação em Silva Neto (1950)
Autor(es): Wellington Santos da Silva. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Historiografia Lingustica, Mudana Lingustica, Contato Lingustico
Resumo

Estudiosos da Linguística Histórica reconhecem a Introdução ao Estudo da Língua Portuguesa no Brasil como seminal para a reflexão sobre a língua no contexto brasileiro e para as teorizações sobre o conceito de português do Brasil (MATTOS E SILVA, 1988, 1999; LOBO, 1994). Publicada por Serafim Pereira da Silva Neto (1917-1960), em 1950, a IELPB é uma obra fundamental no debate sobre a existência ou não da língua brasileira (Elia, 1961). Nessa discussão, uma das principais teses defendidas por Silva Neto é o caráter conservador do português falado no Brasil que, aliado a outros aspectos – koinetização e apressamento dos prazos evolutivos –, seria um traço associado às línguas transplantadas. Se, na introdução da obra, Silva Neto se propõe a realizar sua análise a partir de aspectos história externa, vemos que suas principais generalizações são calcadas em teorias sobre o desenvolvimento interno  dos sistemas fonético e morfológico da língua, sobretudo na teoria da deriva linguística (SAPIR, 1921): assim, em sua perspectiva de romanista, Silva Neto insere os fenômenos característicos do português do Brasil na deriva indo-europeia, de modo que as forças sociais que deflagrassem processos de mudança linguística não o fariam por si mesmas, mas apenas apressariam as tendências já contidas no sistema. No que diz respeito à tese do conservadorismo do português no Brasil, a mesma lógica poderia ser aplicada: o português no Brasil, sendo parte da România, conservaria os traços gramaticais que, no português da Metrópole, já haviam desaparecido pela ação da deriva. Um dos fatos mencionados pelo filólogo é o fenômeno de harmonização das vogais pretônicas. Assim, pronúncias como filiz (feliz), minino (menino) etc., representariam um estágio intermediário pelo qual havia passado o português europeu que, agora, apresentaria a elisão das vogais pretônicas conservadas no português do Brasil. Além disso, de acordo com Silva Neto, o alteamento das pretônicas seria um fenômeno antigo, que remontaria ao latim vulgar. Assim, a partir dos preceitos teórico-metodológicos da Historiografia Linguística – sobretudo do conceito de estratégias de adaptação (SWIGGERS, 1988) –, neste trabalho temos por objetivo verificar como Silva Neto argumenta pela filiação latino-românica do português falado no Brasil, contrastando com algumas análises propostas por teorias de contato linguístico de seu tempo – sobretudo a de Mendonça (1936). (Apoio: CNPQ – Processo 130265/2014-4).