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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Mulheres e relatos de violência doméstica e familiar: uma leitura discursiva sobre o “ser mulher”
Autor(es): Ana Paula Peron. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave violncia contra a mulher, interpelao ideolgica, imagens do ser mulher
Resumo

Quando uma mulher que vive ou viveu um relacionamento conjugal perpetrado por situações de violência doméstica e familiar conta um pouco de sua história, que efeitos de sentido podem ser lidos em relação ao “ser mulher”?  Como as mulheres são significadas a partir de seus próprios relatos? Partindo de tais questionamentos, e com base na vertente teórica da Análise de Discurso de orientação materialista, a proposta desta comunicação é analisar alguns efeitos de sentido do que significa “ser mulher” diante da condição de violência, em uma relação conjugal, considerando que tais efeitos são produzidos no próprio processo de interpelação ideológica que constitui o sujeito mulher – tomado aqui enquanto um objeto discursivo e ideológico e, portanto, paradoxal. Esse gesto de leitura é um recorte da pesquisa que estou desenvolvendo em meu Doutorado em Linguística e, para empreender tal gesto, tomo como material de análise as falas das próprias mulheres – mais especificamente, relatos de mulheres que sofreram ou sofrem os efeitos da violência doméstica e familiar em suas relações afetivas na conjugalidade e que, para enfrentar tal violência, buscam atendimento em um Núcleo de Defesa e Convivência da Mulher, situado em um bairro de periferia, na cidade de São Paulo. Na presente análise, entram em cena condições de produção bastante específicas – que envolvem a afetividade atravessada e, notadamente, constituída pela violência – e, dessa forma, a problemática se estende também para os sentidos de violência contra a mulher que, nas condições de produção deste material, constituem a base. A perspectiva discursiva materialista que sustenta esta proposta possibilita-nos a leitura de que os efeitos de sentido de mulher (e também os de violência) sejam elaborados a partir de processos históricos e ideológicos que constituem memórias que atravessam os dizeres das mulheres, produzindo, assim, determinadas imagens daquilo que, no discurso, significa enquanto “ser mulher” na interface com a violência doméstica e familiar.