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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A ambiguidade como um princípio de leitura
Autor(es): Marilia Blundi Onofre. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave linguagem, enunciao, ambiguidade
Resumo

A comunicação que pretendemos apresentar discute o conceito de ambiguidade considerando-o sob dois campos de estudo em intersecção, de um lado, a linguística enunciativa, e, de outro, o ensino e aprendizagem de língua. A intersecção proposta faz-se por meio dos pressupostos da Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas (TOPE) à medida que dialogam com o construtivismo, espaço no qual referenciamos nossas reflexões. Esse quadro teórico-metodológico, que tem como autor Antoine Culioli, pauta-se pela articulação entre a linguagem e as línguas naturais, processo resultante das operações de representação mental, referenciação linguística e regulação intersubjetiva. Nessa concepção, a produção de significação, que se materializa linguisticamente, é fruto de processos de ordem psicológica, sociológica e psicossociológica, tendo em vista que o sujeito constitui-se pelas experiências que vivencia nas relações sociais.   Trata-se, pois, de relações linguístico-cognitivas, ainda que nos voltemos somente para o viés linguístico.  Diante do exposto, a questão que colocamos incide sobre a relevância do conceito de ambiguidade em tal perspectiva. É preciso dizer que Culioli (1990) considera a ambiguidade um fenômeno característico da atividade de linguagem, e, desse modo, é um princípio de leitura (seja de produção seja de interpretação de texto) que se localiza na articulação entre a linguagem e a língua, e que se evidencia nas regulações intersubjetivas, onde a interação entre interlocutores ocorre, movimentando-se entre a ambiguização e a desambiguização de sentidos. Compartilhamos das afirmações de Rezende (2008), dentre as quais destacamos a que expressa que o objetivo das interações discursivas é desambiguizar sentidos, e será com base nessa autora que nos propomos a observar a relevância dessa abordagem no contexto de ensino e aprendizagem de língua. A metodologia de trabalho consiste na reconstituição das atividades linguísticas, epilinguísticas e metalinguísticas, pelas quais pretendemos indicar caminhos para o professor levar o aluno a “pensar o seu pensar”. Nessa atividade operatória, o aprendiz observa os movimentos discursivos resultantes de diferentes possíveis modulações léxico-gramaticais. Nesse processo, a ambiguidade (ou desambiguidade) é meio de se promover o desenvolvimento linguístico-cognitivo dos alunos, objetivo, por sua vez, almejado pelo ensino de língua.