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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O romance como forma narrativa moderna
Autor(es): Priscila Duarte Baldini Vacari. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Modernidade literria, Romance, Heri romanesco
Resumo

O presente trabalho investiga a noção de modernidade, seu surgimento e suas principais características, bem como de que modo estas seriam determinantes no processo de constituição dos aspectos formais de um gênero literário nascido com o mundo moderno: o romance. Discutiremos as particularidades da criação literária, do discurso narrativo e de alguns aspectos do romance, de acordo com as ideias de Bakhtin (2002), ou seja, uma forma inacabada, em permanente desenvolvimento e ligada ao mundo e ao tempo presente, sendo que, por isso mesmo, apresentando certos desdobramentos dos aspectos de vida e cultura das sociedades, tempos e lugares em que surge e se manifesta. Dentre as discussões de termos paradoxais como tradição e ruptura, antiguidade e modernidade, continuidade e originalidade, esboçamos a noção de modernidade literária como associada ao nascimento de um gênero que rompe com o tradicionalismo mais arraigado, que antes configurava na literatura até o século XIX. Conforme Bakhtin (2002), a forma romanesca configura-se como um gênero que ainda está evoluindo, sendo alimentado na era moderna e, por isso mesmo, reflexo da evolução da própria realidade literária, histórica e social da modernidade. A base do gênero romanesco fixa-se na livre invenção criadora, através da representação artística de uma realidade atual, inacabada e fluida. Primordialmente, ao pensarmos no herói romanesco, devemos conceber, sob os parâmetros que estamos usando como referência, a figura do homem tratado no gênero em questão. Ao pensarmos na estruturação inacabada que se estabelece no presente, e ao mesmo tempo preconiza o futuro, característica do romance, vemos que o homem retratado nesse turbilhão teve uma reestruturação radical. Não possui uma única forma definida, pura, acabada; ao contrário, esse homem se demonstra complexo, alçando um estágio mais elevado da evolução humana, imbuído em uma sociedade também complexa, como, em geral, é retratada nas obras. Esse protagonista, portanto, busca se reconhecer, mas ao mesmo tempo se confronta com a comunidade que está em seu entorno, sendo esta, pelo romancista, criticada. Além de Mikhail Bakhtin (2002), teremos por referência fundamental Georg Lukács que, em A teoria do romance (2009), teoriza: acerca do romance como um gênero literário nascido e idealizado com a era moderna, traçando, assim, a própria imagem da sociedade burguesa do século XIX, bem como acerca do herói problemático, que vive em atrito com essa sociedade, representando a tensão característica do mundo moderno e tudo o que implica em termos de complexidade humana, social, política e histórica.