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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: AS JORNADAS DE JUNHO: UM ESTUDO SEMIÓTICO SOBRE O CORPO DISCURSIVO DO ATOR MANIFESTANTE
Autor(es): MARCOS ROGRIO MARTINS COSTA. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Semitica, Corpo discursivo, Manifestao
Resumo

Quando em junho de 2013 as manifestações populares se alastraram pelo Brasil, incitadas inicialmente pelo aumento da tarifa de transporte público, os estudiosos de diversas áreas ficaram aturdidos. Surgiram, então, muitas propostas teóricas e tentativas de interpretação desse fenômeno (CASTELLS, 2013;CHAUÍ, 2013; NOBRE, 2013). Apesar disso, as chamadas Jornadas de Junho continuam ressoando como um fenômeno não capsulável nas grades de um interpretação sisuda e definitiva. Por isso, o interesse de realizarmos um estudo semiótico desse fenômeno. A semiótica da Escola de Paris, herdeira dos postulados saussurianos e hjelmslevianos, possui um ferramental teórico-metodológico consistente e geral que permite analisar o que o texto diz, como diz e por que diz o que diz, compreendendo, para tanto, o plano do conteúdo tripartido em nível profundo, narrativo e discursivo (GREIMAS; COURTÉS, 2008). Com os desdobramentos tensivos de Fontanille e Zilberberg (2001), a semiótica francesa se lançou ao estudo das paixões e das tipologias dos estados de alma dos sujeitos, seja os da enunciação, seja os do enunciado. A noção de corpo discursivo, por sua vez, é trazida neste estudo a partir da proposta de Discini (2013), entendendo, assim, corpo como uma organização depreendida das marcas da enunciação enunciada ao longo de uma totalidade. Propomos, portanto, nesta pesquisa a análise do corpo discursivo do ator manifestante nas coberturas jornalísticas de duas mídias distintas: de um lado, o jornal impresso da Folha de São Paulo, e de outro, as postagens na plataforma digital Facebook  da Mídia NINJA (sigla para “Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação”). Para tanto, comparamos as capas dos jornais da Folha de São Paulo e as primeiras postagens diárias da Mídia NINJA, retratando as manifestações na cidade de São Paulo-SP do dia 6 ao dia 19 de junho de 2013, período de maior mobilização pública nas ruas da capital paulista, segundo os dados da pesquisa IBOPE e do estudo de Secco (2013). Ao examinarmos esse corpus, a partir da construção discursiva do ator manifestante, unidade complexa e com uma identidade em construção, compreendemos que cada uma das mídias em estudo deslindou um corpo diferente para esse ator, demonstrando, assim, que os efeitos de sentido nos textos não subjazem a um referente empírico, mas é construído no e pelo texto, isto é, na semiose incessante dos planos da linguagem (expressão e conteúdo). Com esses resultados, entendemos alguns dos mecanismos de significação dos discursos circulados durante as Jornadas de Junho.