logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Multilinguismo e preconceito na fronteira oeste do Mato Grosso do Sul: diagnóstico sociolinguístico preliminar
Autor(es): Ana Helena Rufo Fiamengui. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave multilinguismo, preconceito lingustico, fronteira
Resumo

A cidade de Ponta Porã, localizada a oeste do estado de Mato Grosso do Sul, faz fronteira seca com Pedro Juan Caballero, capital do departamento de Amambay (Paraguai). O antigo distrito foi elevado a município em 1912 e, segundo dados do IBGE, foi uma das áreas que mais sofreu com a Guerra do Paraguai. Em virtude de se configurarem como cidades-gêmeas, tendo apenas uma avenida como separação das duas cidades, ocorre fluxo contínuo de pessoas e mercadorias, bem como de línguas e culturas entre os dois países. Esse fluxo de pessoas ocorre também nas instituições de ensino, sendo possível observar muitos indivíduos que se matriculam em escolas brasileiras e chegam a elas dominando apenas a(s) língua(s) paraguaia(s) – o espanhol e/ou o guarani. Diante desse contexto, o Programa Escolas Interculturais de Fronteira, uma parceria entre Ministério da Educação, Secretarias de Estado e Municipal de Educação e Universidades (nesse caso, a Universidade Federal da Grande Dourados), tem como objetivo principal a integração de estudantes e professores dos países vizinhos, de maneira a fornecer aos alunos a possibilidade de ampliar as oportunidades de aprendizado da segunda língua (MEC, 2013). Para que uma escola de fronteira se insira nas atividades desse Programa, são necessárias algumas atividades iniciais  cuja finalidade é reunir informações  sobre a realidade sociolinguística da escola e de seus atores. Tais atividades compreendem: audição e interpretação de histórias em L2 para turmas de cada ano escolar, conversas em L2 com pequenos grupos de alunos de cada ano, conversas com pais de alunos, entrevistas com docentes, questionários aplicado aos alunos e questionários aplicados aos docentes. Quatro escolas receberam as atividades do diagnóstico sociolinguístico no ano de 2014 e alguns pontos recorrentes foram levantados: a familiaridade com a língua espanhola, a dificuldade de alguns alunos em falar português quando chegam à escola, além do  preconceito linguístico muitas vezes explícito, evidenciado principalmente no contato com os pais de alunos. Por outro lado, cada escola tem características bastante diferentes: algumas se caracterizam pela heterogeneidade de sua população (filhos de fazendeiros, filhos de funcionários das fazendas, filhos de assentados e população indígena); enquanto outras têm a maior parte de seus alunos de origem paraguaia, ainda que muitas  vezes eles não se revelem como tal.